Átila Nunes: A mediunidade no Velho Testamento (parte 3)
Que aproveitemos a porta aberta ao contato com a espiritualidade, buscando no outro plano as informações úteis à nossa passagem transitória pelo planeta, e auxiliando os irmãos do outro lado, que não compreenderam que lá está a verdade.
No Velho Testamento, no Egito, os escravos hebreus receberam mensagens avisando-os da intenção da matança dos primogênitos. Na saga de José do Egito, ele decifrou os sonhos do faraó, com sete vacas magras e sete vacas gordas. De onde José retirou essa interpretação, se nem os maiores sábios da sua cidade não perceberam?
No célebre Oráculo de Delfos, as pitonisas (médiuns) eram consultadas, mas na entrada constava uma recomendação a ser seguida até nossos dias: 'Conhece-te a ti mesmo' O Oráculo nos remete a Sócrates, que frequentemente escutava a voz de seu guardião espiritual, destaca Ricardo Baraviera.
Joana D´Arc, santificada pela Igreja e padroeira da França, ouvia vozes. Os relatos da época mostram que a jovem camponesa, sem qualquer preparo militar, aconselhava os generais comandantes das batalhas, sendo sua presença descrita como fundamental para as vitórias. Conta-se ainda, que quando levada ao futuro rei Delfin, este se disfarçou, misturando-se entre os membros da Corte. Joana D’Arc não o conhecia, mas dirigiu-se diretamente a ele. Mediunidade explícita?
O fato de se ouvir vozes era atribuído a doenças como epilepsia ou forças 'demoníacas' Nos antigos povos americanos também encontramos relatos de mediunidade. Diz-se que os maias entravam em transe em seus cultos, enquanto os pajés e os xamãs invocavam e controlavam espíritos, com poderes proféticos e curativos. Estas práticas ainda são adotadas em muitas tribos, a despeito do contato e integração com a civilização, lembra Baraviera.
Vamos em frente. E a aparição de Maria aos três pastores na cidade portuguesa de Fátima, acompanhada de relatos de curas extraordinárias? Dos três pastores, somente Lúcia via, ouvia e falava com Maria. Jacinta via e ouvia, e Francisco apenas via. Tal diferença indica que tinham características mediúnicas distintas.
Para Nehemias Marien, um dos maiores biblistas brasileiros, a Bíblia é um manual de psicografia do princípio ao fim. E dizemos que ela é também um manual de psicofonia (fala de um espírito por um médium). Os teólogos não instruíram as pessoas sobre a realidade dos espíritos e dos anjos na Bíblia.
Eles os confundiram com Deus (denominado também por um dogma de Espírito Santo) e com demônios (no original grego ”daimones”), tidos erradamente como sendo somente espíritos maus, quando eles são os espíritos dos mortos (Deuteronômio, capítulo 18). Um anjo do Senhor apareceu a Zacarias informando-o de que ele e sua esposa Isabel seriam os pais de João Batista, o Precursor ou o Elias que voltaria para preparar o caminho do Messias (Lucas 1: 5 a 17; Malaquias 4: 5; Mateus 11: 14; Mateus 17: 10 a 13; e Marcos 9: 9 a 13).
O Apocalipse é psicofonia e psicografia simultâneas, pois João ouviu e escreveu. “Eu, João, ouvi e vi estas coisas. E, depois de ter ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava isso, para adorá-lo. Mas ele me disse: ‘Não faças isso! Sou um companheiro de serviço, teu e dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. É a Deus que deves adorar’” (Apocalipse 22: 8 e 9).
Também o Decálogo não foi entregue a Moisés por Deus, mas por um anjo bom (Atos 7: 30). Nos exemplos vistos, não foi o Espírito Santo que se manifestou, mas anjos bons. Na Bíblia, frequentemente, fala-se em anjos ou espíritos, que são enviados do mundo espiritual. Não é, o próprio Deus (o Espírito Santo dogmático) que se manifesta, e sim, anjos.
Que aproveitemos a porta aberta ao contato com a espiritualidade, buscando no outro plano as informações úteis à nossa passagem transitória pelo planeta, e auxiliando os irmãos do outro lado, que não compreenderam que lá está a verdade.
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