A comunicabilidade dos espíritos com os encarnados é um fato antiquíssimo. A única diferença é que no passado, era considerado um atributo dos chamados iniciados
Sei que existe uma forte resistência por alguns segmentos religiosos que se baseiam no texto bíblico, em aceitar como mediunidade, episódios como o da transfiguração (Mateus, 17, 1-13), em que Jesus, acompanhado dos apóstolos Pedro, Tiago e João, conversa com os espíritos dos profetas Moisés e Elias. Como ressalta a nossa irmã Izildinha Accetta, foi a demonstração da existência do espírito diante da comunicação entre os dois mundos.
A comunicabilidade dos espíritos com os encarnados é um fato antiquíssimo. A única diferença é que no passado, era considerado um atributo dos chamados iniciados. Hoje, com o advento do Espiritismo, tornou-se um fenômeno generalizado. Os adeptos da Doutrina Espírita e das religiões afro-brasileiras têm crescido espantosamente. É um processo natural. É o que mais vemos em telenovelas e filmes, mostrando questões correlatas à comunicação com espíritos desencarnados, reencarnação e fenômenos mediúnicos.
Somos espíritos encarnados dotados com dois tipos de sentidos: o físico e o espiritual. Pelos sentidos físicos (visão, olfato, audição etc.) nos comunicamos com nossos semelhantes no planeta. Através dos sentidos espirituais, extrapolamos o nosso universo matemático e nos projetamos em outra dimensão e contatamos os seres que povoam o campo da energia livre do espírito, pontua Izildinha.
Estamos aparelhados para captar e registrar as irradiações psíquicas dos desencarnados. É o que denominamos mediunidade. Aqui no Brasil, temos a cultura oral do “ouvi dizer”. De um modo geral, a mediunidade é praticada de forma empírica, ou seja, por experiência, e não por princípios racionais e científicos, ou seja, com metodologia.
Chega a ser perverso se associar a mediunidade a quadros patológicos. São inúmeras as pessoas que vão aos centros espíritas devido a um “problema de mediunidade”, porque alguém disse que aquela dor-de-cabeça, aquela insônia, aquela irritabilidade constante, seriam provenientes da influência de um espírito desencarnado. Esse espírito “desequilibrado” se aproximaria e se “encostaria” (daí a vulgarização do termo “encosto”) na pessoa, provocando-lhe transtornos mentais e até físicas.
Somos todos passíveis de receber a influência dos espíritos, no mínimo, na forma de intuição. Isso não significa que também possamos ter manifestações ostensivas como a psicofonia, a psicografia, os efeitos físicos etc, lembra Izildinha Accetta. A mediunidade é a faculdade especial que certas pessoas possuem para servir de intermediárias entre os espíritos e os homens. Ela independe da condição moral do médium, de suas crenças e do seu desenvolvimento intelectual.
Mesmo não se sabendo coisa alguma a respeito de alguém que bate à porta de um centro, há irmãos que afirmam categoricamente que o problema da pessoa é “de mediunidade”, e que ele precisa “desenvolvê-la”. Isso quando não diagnosticam um quadro de “obsessão”, encaminhando o referido cidadão para trabalhos de desobsessão, fazendo com que se manifeste o espírito que o está incomodando, a fim de ser doutrinado.
Somente um médium – dirigente de centro ou não – com muita, mas muita experiência, pode arriscar um diagnóstico desses. Claro que há influência dos espíritos desencarnados sobre os encarnados, mas diagnosticar qualquer problema – seja de ordem física, moral e financeira – como um “problema de mediunidade”, à primeira vista, sem um estudo de caso, é uma atitude precipitada.
A Izildinha Acetta faz um questionamento provocativo: por que há espíritos capazes de incitar os encarnados para o mal? Ora, a missão deles não seria nos pôr no bom caminho? Quando más influências agem sobre nós, é porque estamos desejando o mal. E aí, espíritos inferiores vêm ajudar a fazer o mal. É possível afastar essa má influência? Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.
A maioria desses “problemas de mediunidade” não são problemas. A confusão que fazem entre mediunidade e enfermidade mental é proveniente das situações em que as enfermidades mentais são provocadas por espíritos, ou seja, onde estão presentes as obsessões. Desde os tempos mais remotos, sabe-se que as chamadas forças sobrenaturais tinham o estranho poder de causar doenças psíquicas e físicas em alguns indivíduos. A mediunidade explica racionalmente como isso acontece.
As obsessões se manifestam pelo canal mediúnico que todos possuem, mas não é a mediunidade que causa a enfermidade ou loucura. É um espírito obsessor que dela se utiliza para instalar na mente de sua vítima a enfermidade mental. Atribuir à mediunidade a responsabilidade por esses distúrbios seria o mesmo que culpar a porta de uma casa pela entrada do ladrão. Como diz a Izildinha, a porta foi somente o meio ou a via de acesso utilizada para a realização do furto.
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