A conexão entre as ervas medicinais e as religiões é uma história antiga e profunda, entrelaçando crenças espirituais, conhecimentos ancestrais e o poder curativo da natureza. No mundo, têm 13 mil ervas consideradas medicinais, sendo que a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária brasileira reconheceu até agora 71. Desde rituais sagrados até tratamentos tradicionais, as ervas desempenham um papel fundamental em diversas tradições religiosas, oferecendo cura para o corpo e o espírito.
Nas raízes das curas atribuídas às religiões, não podemos deixar de citar o Xamanismo. As práticas xamânicas, presentes em diversas culturas ao redor do mundo, utilizam ervas medicinais para acessar estados alterados de consciência, conectar-se com o mundo espiritual e promover a cura física e espiritual. Plantas como ayahuasca, peyote e rapé são ainda reverenciadas por seus poderes transformadores. Nas religiões afro-brasileiras como o Candomblé, Umbanda e outras religiões de matriz africana possuem um rico legado de fitoterapia, utilizando ervas em rituais, banhos, oferendas e chás para cura, proteção e harmonização espiritual. Folhas sagradas como efun, okan e inhame são exemplos de ervas com profundo significado religioso e medicinal.
Já no Hinduísmo e a Ayurveda – crenças da tradição hindu -, as ervas medicinais são consideradas dádivas divinas. A Ayurveda é um sistema holístico de medicina que busca o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Especiarias como cúrcuma, gengibre e ashwagandha são pilares da farmacopeia ayurvédica, com propriedades medicinais e espirituais.
No Budismo, as ervas são utilizadas para promover a meditação, a clareza mental e o bem-estar. Plantas como erva-cidreira, camomila e hortelã-pimenta são frequentemente usadas em chás e incensos para criar um ambiente propício à prática meditativa.
Na tradição cristã, as ervas também possuem significado religioso e medicinal. O uso de ervas como sálvia, mirra e incenso está presente em rituais religiosos e na iconografia, além de serem utilizadas para fins medicinais há séculos.
A seguir, listamos algumas das ervas medicinais e seu uso em diferentes religiões:
Arruda: muito usada na Umbanda, no Candomblé e no Xamanismo. Suas propriedades medicinais: antiespasmódica, digestiva, anti-inflamatória.
Uso religioso: Proteção contra energias negativas, limpeza espiritual, banhos espirituais
A Camomila, usada no Budismo e no Cristianismo, tem as seguintes propriedades medicinais: relaxante, calmante e digestiva.
Uso religioso: chá para meditação, oferendas em rituais, indução a um sono tranquilo
Já o Chá verde é comum no Budismo e no Taoísmo. Propriedades medicinais: antioxidante, estimulante mental, auxiliar na digestão.
Uso religioso: bebida durante os rituais de meditação, símbolo de vitalidade e longevidade
A Jurema é muito usada no Candomblé e na Umbanda, tendo as seguintes propriedades medicinais: sedativa, relaxante muscular e anti-inflamatória.
Uso religioso: chá para fins divinatórios, conexão com o mundo espiritual e proteção espiritual
A Sálvia é usada no Xamanismo e outras tradições populares. Suas propriedades medicinais são: é antisséptica, cicatrizante e expectorante.
Uso religioso: é queimada em rituais de purificação, defumação de ambientes, auxiliando a conexão com o mundo espiritual.
É óbvio que é fundamental buscar orientação de um profissional de saúde qualificado antes de usar qualquer erva medicinal, principalmente se você estiver grávida, amamentando ou tomando outros medicamentos. O uso de ervas para fins religiosos deve seguir as tradições e orientações específicas de cada religião e comunidade. A fitoterapia, quando utilizada com responsabilidade e conhecimento, pode ser um valioso complemento à medicina convencional, promovendo o bem-estar físico e espiritual. A relação entre ervas medicinais e religiões é um rico e complexo campo de estudo, revelando a profunda conexão entre a cura física, o bem-estar espiritual e as crenças ancestrais.
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