Vemos diariamente notícias de mortes, escândalos de corrupção e guerras. O professor Roberto Tavares diz que tudo isso deve nos fazer refletir: podemos chegar à conclusão que existe muita maldade no mundo, mas...o que é a maldade? Uma pessoa é cem por cento má?
O diabo seria o antagonista de Deus, certo? Logo, a personificação da maldade existe? O professor lembra que uma das mais conhecidas bandas de rock nacional, a Legião Urbana, no final dos anos 80 gravou uma música que falava que “nem os santos têm ao certo a medida da maldade”, evidenciando sua preocupação com inúmeros problemas brasileiros, principalmente sociais.
Bem antes de Renato Russo citar a medida da maldade, o filósofo Leibniz nascido onde hoje é a Alemanha, havia abordado esse assunto na obra intitulada Teodiceia, que em grego significa “justiça de Deus”. Disse ele que a maldade é consequência entre a liberdade da vontade de cada indivíduo e a ordem cósmica criada por Deus. Dessa forma, para ele, a medida da maldade é diretamente proporcional a quanto cada uma de nossas ações se afastam de Deus.
Por conta da importância do assunto, pontua o professor Roberto Tavares, Kardec arguiu aos espíritos superiores sobre a maldade. Os espíritos responderam que “o bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la”. A resposta dos espíritos se aproxima do conceito apresentado por aquele filósofo.
Existe, contudo, algumas dúvidas. Uma delas: se a maldade é uma infração às leis de Deus, como saberemos quais são? E onde estão escritas as Leis de Deus? Resposta: estão escritas na consciência de cada um. Sendo assim, cada indivíduo tem em si mesmo a capacidade de julgar sua ação como boa ou ruim, salienta o professor Roberto Tavares.
O questionamento prossegue: estando sujeito ao erro, não pode a pessoa enganar-se no julgamento no que é o bem e o que é o mal? Como ter certeza de que se está praticando o bem, quando, na realidade, se pratica o mal? Assim sendo, a Doutrina dos Espíritos dá uma resposta à dúvida quanto a medida da maldade, já que chegamos à conclusão de que existem pessoas más e outras boas.
Todos os espíritos foram criados simples e ignorantes, porque a finalidade é a evolução. O professor Roberto Tavares destaca que não existem espíritos maus e sim, espíritos que, temporariamente, encontram-se num estado de ignorância. “Fazei aos outros o que gostaria que vos fizessem”. Assim, também podemos tirar nossa dúvida quanto ao diabo, o antagonista de Deus, o ser cem por cento mal.
O diabo e o Inferno não existem para o espiritismo e muito menos para as religiões afro-brasileiras. O máximo que podemos achar são espíritos que ainda ficam felizes em fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a ele mesmo. Isso é temporário, contudo, uma vez que a medida que o tempo passe essa individualidade compreenderá melhor o que a própria consciência lhe diz, finaliza o professor Tavares.
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