Um dos maiores arrependimentos descritos pelas pessoas idosas é o de não ter passado mais tempo com os amigos. A Ana Claudia Quintana Arantes, autora do livro ‘A morte é um dia que vale a pena viver`, lembra que o Facebook passa a sensação de que estamos com nossos amigos.
Diz ela que é uma dessas pessoas que têm a sensação de estar perto dos amigos diante do mural do Facebook. Ela garante que faz bom uso dessa ferramenta, aproveitando muito qualquer tempo que posso compartilhar com pessoas tão queridas, mas distantes. “Tem gente que eu amo demais, mas a vida que levo não me permite estar fisicamente próxima” – observa Ana Claudia.
É bem verdade que o Facebook permite acompanhar as fotos dos filhos e netos crescendo, os momentos mais importantes e os gostos compartilhados de música e de poesia. De alguma forma, diz ela, encontra-se de fato com essas pessoas, mas, ainda assim, ela afirma que estar com os amigos é vital.
Com os amigos, construímos relações mais honestas e transparentes, algo que nem sempre é possível viver com a família. E é com os amigos que temos a chance de dizer “Não gostei do que você fez”; e ficar bem, porque eles suportarão a crítica. Quando estamos com os amigos, queremos que nossas opções e nossos sentimentos sejam respeitados, e assim ocorre, salienta a autora, Ana Claudia Quintana Arantes.

As pessoas da nossa família nem sempre são as mais agradáveis do mundo, com quem você anseia conviver. Contamos nos dedos aqueles que gostam de passar o Natal entre parentes. Muita gente faz isso por obrigação, sem prazer, sem alegria. Por outro lado, infelizmente, teremos mais tempo livre quando adoecermos. Desejaremos a companhia dos amigos, daqueles que nos reconhecem apesar da doença, apesar do sofrimento.
Queremos nos reconhecer nos olhos deles, porque nesse olhar reencontramos nossa história, nossa importância no mundo. Estar com os amigos muitas vezes faz com que experimentemos o estado de presença de um jeito alegre e agradável. Na proximidade do desencarne, o arrependimento por não ter dedicado mais tempo a eles bate forte, pontua Ana Claudia.
Arrependidos, pensamos que tivemos tempo livre a vida inteira, mas na verdade não tivemos – continua ela. Alguns arrependimentos são puro desperdício de tempo no fim da vida; não faz nenhum sentido que sejam causa de sofrimento. Muitas vezes, escolhemos um caminho que não sabíamos que seria ruim. Agora sabemos e nos arrependemos. É como jogar na Megasena e dizer: “Eu joguei no 44 e deu 45. O que me passou pela cabeça para não ter jogado no 45?!”. A verdade simples é que não jogamos no 45 porque achamos que fosse dar o 44!

Não é justo nos condenarmos por ações passadas baseando-nos no conhecimento que temos agora. Quando começa o drama do “eu deveria” ou do “eu poderia”, é a hora de pegar o espelho e dizer: “Não faça maldade com você mesmo. Tomamos uma decisão lúcida com base nos elementos que tínhamos à nossa disposição. Talvez possamos dizer: “Se eu soubesse que ia dar errado, teria feito diferente.” Mas não sabíamos, não havia como saber.
Com observa Ana Claudia Quintana Arantes, estar realmente presente em cada decisão da nossa vida, em pensamentos, sentimentos, voz e atitude, pode evitar alguns desses arrependimentos, mas, naquela ocasião, tomamos a decisão que achamos melhor no momento.