Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

O setor elétrico brasileiro, na gestão do admirável brasileiro que foi Mario Bhering, marcante na Cemig e na Eletrobras, que presidiu nos governos Médici e Tancredo-Sarney, e que com o general Costa Cavalcanti foi responsável pela obra de Itaipu, criou a Memória da Eletricidade, para preservar a história de uma área relevante no processo de desenvolvimento do país.
O trabalho realizado por um pequeno grupo de abnegados funcionários inclui edições como os livros com entrevistas biográficas de homens de valor como José Antonio Muniz Lopes e José Luiz Alquéres, que são referências de importantes momentos na vida da Eletrobras.
Impressiona encontrar nos dois preciosos livros brasileiros especiais que passaram pelo setor, sem dúvida o mais respeitado antes da estatização, durante os anos de estatal, sempre com grandes obras, com excelência técnica e sem suspeições de mau uso do dinheiro público.
Anos dourados dos governos militares até FHC, com dirigentes em diferentes funções como João Camilo Pena, Eliseu Resende, Astrogildo Quental, Flávio Decat, Paulo Roberto Ribeiro Pinto, José Marcondes de Brito, César Cals, Aureliano Chaves, Altino Ventura, Antonio Carlos Holtz, Firmino Sampaio e Delcídio do Amaral, entre outros. E quando abrigava indicações políticas, eram para homens de espírito público. O depoimento de Muniz Lopes aponta para a grande contribuição do ex-governador de Mato Grosso José Garcia e seu filho Robério, no suprimento da região, base do progresso atual do agronegócio. Ambos foram diretores da Eletronorte.
A velha guarda do setor, a começar por José Antonio, está entre os maiores conhecedores da Amazônia, do potencial energético a ser explorado. Muito se deixou de fazer pela ação nefasta de membros do Ministério Público e até prelados da Igreja Católica. A obra de Belo Monte foi fator de aumento significativo na qualidade de vida de milhares de brasileiros beneficiados com as compensações e royalties. Em nome do meio ambiente, manifestações de indiferença com a qualidade de vida da população. Entre as cidades no Pará mais bem atendidas em serviços básicos, estão aquelas em torno dos reservatórios de Tucuruí e Belo Monte. E obras fundamentais, como Cotingo, em Roraima, até hoje não saíram do papel.
O Brasil precisa resgatar sua tradição de empresas de engenharias eficientes nas obras públicas de porte envolvidas nos casos de corrupção de maneira equivocada, pois não foram autoras, mas vítimas da extorsão.
Os privados de fora do setor, hoje presentes em distribuidoras, nem sempre têm sido felizes nos resultados por desconhecerem particularidades especiais do universo da energia elétrica.