O índice de vacinação infantil voltou a aumentar no estado do Rio de Janeiro, mas ainda está longe do idealMarcelo Camargo/Agência Brasil

A vacinação é um tema que deveria ser consenso. Graças a ela, enfermidades que marcaram a história da humanidade foram controladas ou erradicadas, salvando milhões de vidas. Porém, na última década, a cobertura vacinal no país começou a cair de forma preocupante, abrindo espaço para que velhos problemas voltassem a rondar a saúde pública.
Por isso, os números recentes do Ministério da Saúde são motivo de alívio — ainda que acompanhados de cautela. Nos últimos dois anos, o Brasil voltou a registrar crescimento no número de municípios que alcançaram a meta de 95% de imunização infantil. Um exemplo expressivo é o da vacina tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola: em 2024, 3.870 municípios atingiram a meta, contra 2.485 em 2022 — um salto de 55,7%.
No Rio de Janeiro, o avanço também chama atenção: de dez cidades com cobertura adequada em 2022, o número subiu para 44 em 2024. Ainda assim, diante de um estado com 92 municípios, a conquista está longe de ser suficiente. Celebrar esse progresso é justo, mas não podemos esquecer que, em boa parte, ele representa apenas a correção de um atraso perigoso.
Outro exemplo é a poliomielite. Erradicada há 34 anos no Brasil, a doença quase encontrou brechas para voltar. Agora, os números voltam a animar: no Rio, 27 municípios atingiram a meta de imunização contra a pólio em 2024, frente a apenas dois em 2022. No país, o salto foi de 1.466 para 2.825 cidades, quase 93% de aumento.
Apesar disso, não é hora de baixar a guarda. A oscilação nos índices mostra que basta uma onda de desinformação para colocar em risco todo o esforço coletivo. Vacinação não é questão de opinião: é um pacto de sociedade.
O Brasil só permanecerá protegido se governos em todas as esferas mantiverem campanhas consistentes de informação, além de acesso fácil e constante às vacinas. Aos pais e responsáveis, cabe o gesto mais simples e poderoso de cuidado: manter o cartão de vacinação em dia. Relaxar nesse compromisso é abrir a porta para o retorno de doenças que deveriam permanecer apenas nos livros de história. Diante dessa ameaça, a atitude mais segura é a vigilância permanente.