Renata Prieto, presidente da G.A.R.R.A., faz um afago na égua BrisaDivulgação

A intensa onda de calor que afeta o Rio de Janeiro tem trazido impactos severos para humanos e animais. As temperaturas recordes têm causado desconforto e problemas de saúde em animais abandonados nas ruas e em abrigos, agravando ainda mais a situação de ONGs que enfrentam dificuldades financeiras e estruturais para lidar com a situação. Além de provocar desidratação, exaustão térmica e até riscos de morte, o calor pode favorecer a proliferação de doenças como miíases (infecções por larvas) e outros problemas associados à exposição prolongada ao calor.
Na ONG G.A.R.R.A. – Grupo de Ação, Resgate e Reabilitação Animal –, que cuida de quase 500 animais, os desafios são imensos. Fundada para resgatar e reabilitar animais abandonados e vítimas de maus-tratos, a organização abriga desde cães e gatos até cavalos, ovelhas, galinhas e peixes em seus espaços na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Renata Prieto, fundadora e presidente da ONG, destaca os impactos dessa situação: “O calor tem sido extremamente prejudicial, e estamos fazendo o possível para amenizar o sofrimento dos nossos animais. É desesperador vê-los tão agoniados, mesmo com todos os esforços que fazemos diariamente.”
Soluções improvisadas
No sítio de Santa Cruz, onde estão concentrados a maior parte dos animais, a ONG conta com ventiladores em gatis e canis para aliviar o calor. No entanto, a alta temperatura torna esses esforços insuficientes. Para os cães, foram improvisadas piscinas feitas com masseiras de material de construção.
“Já conseguimos instalar essas piscinas em 10 dos 34 canis, mas ainda temos muito a fazer. Nossa prioridade é dar algum alívio, principalmente aos cães mais idosos, que sofrem muito com esse calor extremo”, explica Renata.
Já na Pedra de Guaratiba, onde a ONG mantém 20 canis, a situação é ainda mais complicada devido à falta de água e luz, mesmo após obras recentes de saneamento na região. “Precisamos de soluções urgentes para essa situação.”
Cuidados diários para minimizar o sofrimento
Além das ações com ventiladores e piscinas, a ONG intensificou os cuidados diários com os animais. Os cavalos são banhados duas vezes ao dia, enquanto os cães de pelagem longa estão sendo mantidos tosados para melhorar o conforto.
“Os gatos, que não podem tomar banho, contam com ventiladores e até gelo nos bebedouros para amenizar a temperatura. Estamos fazendo o que está ao nosso alcance, mas sabemos que não é o ideal.”
No lago, onde vivem peixes e patos, duas bombas d’água garantem a oxigenação, enquanto as galinhas se beneficiam da sombra das árvores que cercam a área.
Campanha de adoção e apoio da comunidade
Com o objetivo de aliviar a superlotação e garantir uma vida melhor para os animais, a ONG tem intensificado suas campanhas de adoção. As próximas datas são: 16/2, 23/4 e 20/5. Todas acontecerão no mesmo local - Petz da Avenida das Américas, no Recreio dos Bandeirantes.
“Cada adoção significa uma chance de vida nova para esses animais, além de nos ajudar a cuidar melhor dos que permanecem conosco”, reforça Renata.
Além disso, a ONG depende exclusivamente de doações para sobreviver e manter suas operações. Produtos usados, medicamentos, ração e outros itens podem ser entregues durante as campanhas. Outras formas de ajudar, como doações via Pix, estão disponíveis no Instagram oficial (@garranimal).
Planos de um novo santuário
Apesar das dificuldades, o G.A.R.R.A. planeja a construção de novos canis em um terreno de 42 mil metros quadrados recebido em doação. O local será transformado em um santuário animal totalmente arborizado.
“Sonhamos com um espaço onde os animais possam viver com mais qualidade de vida, e o novo terreno é a esperança de realizarmos esse sonho. Mas, para isso, precisamos da ajuda de todos,” conclui Renata.
Com os esforços contínuos da equipe e o apoio da sociedade, a ONG busca enfrentar o calor e os desafios diários para garantir o bem-estar dos animais que dependem de sua proteção.
Dicas de passeios seguros para tutores de cães durante a onda de calor 
Com as altas temperaturas registradas nas últimas semana, garantir o bem-estar dos cães durante os passeios torna-se uma prioridade para os tutores. Para evitar problemas como queimaduras nas patas e desidratação, é fundamental adotar cuidados especiais. Confira algumas orientações importantes:
Escolha os horários certos
Opte por caminhar nas primeiras horas da manhã ou à noite, quando o calor é menos intenso e a temperatura mais confortável para os animais.
Teste a temperatura do solo
Antes de sair de casa, verifique se o chão está adequado para o passeio. Coloque a palma da mão ou o pé descalço no asfalto ou na calçada por alguns segundos. Se o calor for insuportável para você, também será prejudicial para o seu cão.
Mantenha a hidratação
Sempre leve um recipiente com água fresca e ofereça ao cão em intervalos regulares durante o passeio.
Reduza o tempo de exposição
Limite a duração dos passeios e das atividades físicas nos dias mais quentes. Excesso de exercício sob altas temperaturas pode ser perigoso, levando ao superaquecimento do animal.
Identificando sinais de insolação
De acordo com a veterinária Fernanda Campista, mesmo com todos os cuidados, é importante reconhecer os sinais de insolação, que incluem respiração ofegante excessiva, fraqueza, vômitos, desmaios e mucosas azuladas. “Caso esses sinais apareçam, leve o cão imediatamente para um local fresco, ofereça água aos poucos e procure atendimento veterinário o mais rápido possível”, orienta Fernanda.
Cuidados específicos com raças braquicefálicas no calor intenso
“Raças como Pug, Buldogue e Shih Tzu possuem o crânio mais curto, olhos protusos e palato mole alongado, o que dificulta a respiração e a dissipação do calor. Por isso, os tutores devem evitar ao máximo a exposição desses animais a altas temperaturas”, alerta a veterinária Fernanda Campista.
Esses cães são especialmente vulneráveis a ondas de calor e podem apresentar sinais de superaquecimento mais rapidamente do que outras raças. O ideal é mantê-los em ambientes frescos, com ventilação adequada, e evitar qualquer atividade física intensa nos dias mais quentes. Além disso, oferecer água fresca constantemente e usar métodos para resfriar o ambiente, como ventiladores ou toalhas úmidas, pode fazer toda a diferença. Em situações extremas, banhos com água em temperatura ambiente podem ajudar a aliviar o desconforto e reduzir a temperatura corporal do animal.
Vale lembrar que:
- Cachorro preso em corrente no sol é tortura.
- Casinha de cachorro no sol vira um forno.
- Levar para passear em horários inadequados queima as patas.
- Água de cachorro no sol fica quente e faz mal.
- Corrente no sol vira ferro quente e queima.
- Mantenha tudo na sombra e sempre com água fresca.
- E maltratar animais é crime previsto por lei, com pena de 3 a 4 anos de prisão.