A gatinha Marie tem 12 aninhos e ostenta um bigode pra lá de charmoso, e úitilDivulgação
Bigodes de cães e gatos: mais que charme, uma ferramenta sensorial
Radares naturais têm função essencial como sensores de precisão, ajudando na navegação e evitando 'erros de mira'
Você já reparou nos bigodes do seu cachorro ou gato? Eles não estão ali apenas para dar um charme a mais! Conhecidos cientificamente como 'vibrissas', esses pelos são verdadeiros sensores que ajudam os pets a explorar o mundo ao redor, evitando colisões e até "erros de mira" na hora do xixi e da refeição.
Sensores de Precisão e Orientação
As vibrissas são extremamente sensíveis e captam informações sobre distância, movimento e textura dos objetos ao redor. Essa capacidade permite que cães e gatos tenham uma percepção aguçada do ambiente, mesmo em condições de baixa luminosidade ou em espaços confinados. Conforme explica a veterinária Giovana de Albuquerque Catelano, anestesista e clínica no Hospital Veterinário Taquaral (HVT) em Campinas, “elas transmitem informações ao cérebro através de nervos sensoriais, ajudando os pets a criar uma imagem mais precisa do ambiente”. Essa função é vital para a segurança dos animais, que dependem desses sinais para evitar obstáculos e se orientar corretamente em seu espaço.
Aplicações Cotidianas dos Bigodes
No dia a dia, os bigodes desempenham um papel fundamental na rotina dos animais. Durante brincadeiras, deslocamentos e até momentos de descanso, os pets utilizam essas vibrissas para monitorar o que os cerca. Seja para ajustar a postura ao se aproximar de móveis ou para evitar impactos acidentais com paredes, os bigodes funcionam como uma extensão do sistema sensorial, garantindo que cada movimento seja feito com cautela e precisão.
Curiosidades Sobre os Bigodes
•Localização Estratégica
Nos gatos, as vibrissas não se restringem apenas ao focinho. Elas se estendem acima dos olhos, nas laterais da cabeça e até mesmo atrás das patas, ampliando a percepção do ambiente de forma extraordinária. Nos cães, embora a distribuição seja mais concentrada na região facial, os bigodes também cumprem um papel crucial na orientação espacial.
•Indicadores de Comportamento
O posicionamento dos bigodes pode revelar o estado emocional do pet. Quando direcionados para frente, eles podem indicar curiosidade ou alerta, enquanto os bigodes relaxados costumam sinalizar tranquilidade e conforto.
•Proteção dos Olhos
Além de servir como sensores, os bigodes ajudam a proteger os olhos dos animais. Ao detectar objetos muito próximos, eles podem desencadear reflexos de piscar, funcionando como um sistema de defesa para evitar lesões.
•Sensibilidade Incomparável
As vibrissas possuem uma sensibilidade muito superior à dos pelos comuns. Essa alta capacidade de captação de informações permite que até pequenas mudanças no ambiente sejam registradas, contribuindo para uma navegação precisa mesmo em ambientes complexos.
•Função na Alimentação
Curiosamente, os bigodes também ajudam durante a alimentação, auxiliando na percepção de espaço e na correta localização do alimento, o que pode evitar “erros de mira” durante a refeição.
Importância para a Vida dos Pets
A presença dos bigodes é um exemplo notável de como a natureza dotou os animais de mecanismos sofisticados para a sobrevivência e bem-estar. Ao permitir que os pets criem uma “imagem sensorial” detalhada do ambiente, esses pelos facilitam a adaptação e a interação com o mundo ao seu redor. Seja na hora de explorar novos espaços ou de se proteger de eventuais perigos, os bigodes são verdadeiros aliados dos nossos amigos de quatro patas.
Essa combinação de funções – desde a percepção espacial até a proteção física – demonstra a complexidade e a importância desses órgãos sensoriais. E, como ressaltado pela veterinária Giovana de Albuquerque, compreender a função dos bigodes é fundamental para que os tutores possam cuidar melhor de seus pets, evitando intervenções que possam comprometer essa ferramenta natural tão valiosa.
E ATENÇÃO: cortar ou danificar os bigodes pode prejudicar a percepção espacial do animal, causando dificuldade para se orientar, para detectar obstáculos, colisões frequentes e até alterações de comportamento e equilíbrio. “As vibrissas caem naturalmente e se renovam em um ciclo de dois a seis meses, mas se a queda for excessiva, é importante buscar orientação veterinária, pois pode ser alguma doença ou lesão”, salienta Giovana.
Para manter os bigodes saudáveis, a veterinária recomenda alguns cuidados: nunca cortá-los, mantê-los limpos, evitar produtos que possam prejudicá-los e oferecer uma alimentação equilibrada. Afinal, essas "antenas" naturais garantem que os pets se movimentem com segurança e confiança, seja em casa ou durante as aventuras diárias.
Bigodes nos gatos
Nos gatos, as vibrissas são mais longas e finas, localizadas não apenas ao redor do nariz e da boca, mas também acima dos olhos e atrás das patas. Essas “antenas” ajudam os felinos a se locomoverem, especialmente em espaços escuros, detectando variações do ar e evitando obstáculos.
Bigodes nos cães
Já nos cães, os bigodes são mais grossos e também possuem uma função sensorial importante. Eles ajudam os cães a perceberem o mundo ao seu redor, detectando mudanças sutis no ambiente, como a presença de outros animais ou pessoas.
Bigodes que Fazem a Diferença
O engenheiro Allan Eduardo Messias Viola, dono do cãozinho SRD, Fidel, observou um comportamento curioso durante os passeios: “Fidel esfrega os bigodes nos postes antes de fazer xixi. Acredito que seja uma forma dele medir a distância e evitar trombadas ou errar o alvo.”
Allan, com seu olhar atento de engenheiro, notou que esse hábito instintivo de Fidel pode ser interpretado como uma estratégia natural para “calibrar” o senso de espaço. Segundo ele, os bigodes funcionam como verdadeiros sensores de proximidade, permitindo que o cão obtenha informações precisas sobre a distância dos objetos. “Ao observar Fidel, percebi que ele utiliza os bigodes para se orientar melhor no ambiente urbano. É como se ele estivesse ajustando seu posicionamento para evitar impactos e realizar suas necessidades com mais segurança”, comenta.
Da mesma forma, a auxiliar administrativa Julia de Camargo, tutora das gatas Leslie e Olga, percebeu que os bigodes influenciam até na alimentação. Ela relata que, ao observar suas gatas durante as refeições, notou um comportamento inesperado: “Elas usam os bigodes para perceber objetos, como os potes de comida e água. Troquei os potes de ração por modelos côncavos porque, quando os bigodes encostavam nas bordas, elas simplesmente não comiam! E o engraçado é encontrar bigodinhos pelo chão de casa. São grossos, compridos, firmes e fofos.”
Julia explicou que essa descoberta veio de uma observação atenta aos hábitos das gatas. Segundo ela, os potes tradicionais de água e ração faziam com que os bigodes das felinas entrassem em contato com as bordas, gerando desconforto e, consequentemente, afetando o apetite. “Foi quando percebi que a posição dos potes estava interferindo na forma como elas se alimentavam que decidi experimentar modelos côncavos. A mudança foi imediata: agora, sem que os bigodes toquem as bordas, elas comem com mais tranquilidade e até demonstram mais interesse na refeição”, detalha Julia.
Além disso, a tutora se surpreende com a presença de bigodinhos que, às vezes, se soltam e acabam aparecendo pelo chão. “É um espetáculo ver esses bigodes fora do lugar – são tão marcantes, com suas características de serem grossos, compridos, firmes e fofos”, diz ela, ressaltando a importância desses pelos para a percepção espacial das gatas.
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