A enfermeira Katia Costa adotou a cachorrinha Princesa há 15 anos. Ela considera que, nos últimos três anos, sua companheira fiel começou a apresentar sinais do envelhecimentoDivulgação


O Fevereiro Roxo é o mês de conscientização sobre doenças crônicas e degenerativas, e, além dos cuidados com os humanos, o alerta se estende também aos animais de estimação. Com o aumento da longevidade dos pets, cresce a preocupação com enfermidades como disfunção cognitiva (Alzheimer canino), artrite, insuficiência renal e problemas cardíacos, que afetam cães e gatos idosos.

O médico-veterinário Francis Flosi, diretor da Faculdade Qualittas, explica que muitos tutores não percebem os primeiros sinais do envelhecimento dos pets, que podem incluir mudanças de comportamento, dificuldades de locomoção e alterações no apetite. “Os cães e gatos vivem mais hoje do que há algumas décadas, mas isso exige um acompanhamento mais cuidadoso. Muitas vezes, os tutores só buscam ajuda veterinária quando o animal já está com um quadro avançado da doença”, alerta.

Entre as doenças mais comuns na velhice dos pets, Flosi destaca a Síndrome da Disfunção Cognitiva, conhecida como Alzheimer canino e felino. “Assim como em humanos, essa condição provoca desorientação, alterações no sono e perda de memória. O pet pode começar a se perder dentro de casa, ter dificuldades para reconhecer os tutores ou demonstrar mudanças no padrão de comportamento”, explica. Outro problema recorrente é a artrite e os desgastes articulares, que causam dor e reduzem a mobilidade do animal. “Os tutores podem perceber que o pet tem mais dificuldade para subir escadas, pular em sofás ou até mesmo para caminhar. Isso pode ser aliviado com adaptações no ambiente e acompanhamento veterinário”.

A insuficiência renal também é uma grande preocupação, especialmente entre os gatos idosos. “Essa doença pode ser silenciosa no início, mas quando não tratada a tempo, compromete a qualidade de vida do animal. Dietas específicas e exames regulares são fundamentais para controlar a progressão”, orienta Flosi. Já as doenças cardíacas podem se manifestar com sintomas como tosse persistente, cansaço e dificuldade para respirar. “Se o pet começa a se cansar mais rápido nas caminhadas ou apresenta uma tosse constante, é importante levá-lo ao veterinário para exames cardiológicos”, alerta.

O Fevereiro Roxo reforça a importância do cuidado contínuo e da prevenção de doenças crônicas, garantindo que cães e gatos tenham uma velhice saudável e feliz. “Os tutores devem ficar atentos aos sinais do envelhecimento e buscar acompanhamento veterinário especializado. Com os cuidados adequados, os pets podem viver mais e com qualidade ao lado de suas famílias”, finaliza o veterinário.

Cuidados para uma velhice saudável

O veterinário recomenda uma série de medidas para garantir que os pets idosos tenham uma boa qualidade de vida:

Check-ups veterinários regulares – “Consultas devem ser feitas, no mínimo, a cada seis meses para garantir diagnósticos precoces”, afirma.
Alimentação balanceada – “Dietas específicas para pets idosos ajudam a prevenir problemas renais e articulares”.
Atividade física moderada – “Caminhadas leves e brincadeiras adaptadas mantêm o animal ativo sem sobrecarregar as articulações”.
Ambiente seguro e confortável – “Camas ortopédicas, rampas de acesso e tapetes antiderrapantes evitam quedas e lesões”.
Estimulação mental – “Brinquedos interativos e novos desafios ajudam a manter a cognição ativa e prevenir o Alzheimer canino”.

Prevenção é fundamental

A campanha Fevereiro Roxo reforça a importância do cuidado contínuo e da prevenção para garantir que os pets vivam mais e com qualidade.

“Tutores devem ficar atentos aos sinais do envelhecimento e buscar acompanhamento veterinário especializado”, destaca Flosi. “Com os cuidados adequados, cães e gatos podem ter uma velhice mais saudável e feliz ao lado de suas famílias”.

Princesa: envelhecer com carinho

A enfermeira Katia da Costa, de 56 anos, moradora da Ilha do Governador, conhece bem essa realidade. Há 15 anos, ela adotou a cadela Princesa, que havia sido abandonada em uma via perigosa, correndo risco de atropelamento. O resgate foi feito por uma protetora, que entrou em contato com Katia para oferecer um lar temporário para o animal. Após seis meses, o vínculo entre as duas já era tão forte que a tutora decidiu adotá-la definitivamente.

“Me sinto honrada em dar a ela uma vida digna na velhice”

Ao longo dos anos, Princesa foi uma companheira fiel e cheia de energia, mas o tempo passou e, nos últimos três anos, Katia começou a perceber os sinais do envelhecimento da cadela.

“Princesa faz parte da minha vida e fez parte também da vida das minhas filhas. Ela chegou jovem e sempre teve muita energia, adorava correr e dar saltos. Mas nos últimos três anos percebo que ela não tem mais o mesmo vigor. Foi quando a veterinária começou a prescrever medicamentos específicos para cães idosos, incluindo vitaminas e suplementos para a pele e fortalecimento dos ossos”, relata.

A tutora reforça a importância de os responsáveis pelos pets entenderem que o envelhecimento exige cuidados especiais.

“As pessoas precisam entender que os animais, assim como nós, envelhecem, e isso demanda atenção e carinho. Me sinto honrada em poder oferecer a ela uma vida digna até sua velhice, com cuidados e, acima de tudo, amor! Ela é muito especial para mim, e não consigo imaginar minha vida sem ela. Por isso, faço de tudo para que ela viva o máximo de tempo com saúde ao lado da minha família”, afirma Katia.

A importância da adoção de pets idosos

Adotar um animal de estimação é um ato de amor, mas para os pets idosos, essa chance nem sempre chega. Muitos deles passam anos esperando uma família, especialmente quando possuem condições de saúde que exigem cuidados especiais. Esse foi o caso de Aurora, uma gatinha diagnosticada com FIV/FELV (FIV: vírus da imunodeficiência felina - FELV: vírus da leucemia felina) que encontrou um lar com a gestora pública Bruna Saraiva, de 27 anos.

Bruna sempre foi apaixonada por cães e, após a perda de sua antiga gatinha, não pretendia adotar outro felino. No entanto, em 2019, ao passar por uma campanha de adoção na Zona Sul do Rio de Janeiro, se deparou com uma cena que mudaria sua vida.

“Ela estava sozinha, esperando uma oportunidade”

“Todos os gatinhos jovens e que eram negativos para FIV/FELV haviam sido adotados, e Aurora estava lá, sozinha em uma gaiola, esperando uma oportunidade que eu sabia que nunca ia chegar se não fosse feita por mim”, relembra Bruna.

Sensibilizada com a situação, Bruna decidiu levar Aurora para casa. Os primeiros dias foram desafiadores, pois a gatinha estava assustada e passava a maior parte do tempo escondida no guarda-roupa. Mas, com paciência e amor, Aurora começou a se sentir segura.

“Hoje, as visitas até brincam que ela parece um cachorro, pois sempre se joga de barriguinha pra cima pedindo carinho”, conta a tutora.

Cuidados na terceira idade

Atualmente com 12 anos, Aurora exige cuidados redobrados. Além do acompanhamento veterinário constante, ela recebe alimentação sênior e suplementação para manter sua saúde.
“O maior problema é ela deixar tirarmos o sangue para os exames”, brinca Bruna.

Mesmo com os desafios, a tutora não tem dúvidas de que fez a escolha certa ao dar uma chance a um pet idoso e com uma condição especial.

“Espero que todos que vejam essa matéria possam adotar um pet idoso. Para as pessoas, são apenas 15 a 20 anos de vida, mas para eles, é a vida inteira ao nosso lado”, finaliza.

CRIME

Maus-tratos a animais são considerados crime no Brasil. De acordo com a Lei nº 14.064/2020, a pena para quem maltrata cães e gatos pode variar de 3 a 5 anos de reclusão, além de multa e proibição da guarda do animal.