A simpática Pérola, que ficava triste quando a tutora saía para trabalhar, ganhou dois irmãos para fazer companhia: Osvaldinho e EvaristoDivulgação

Quem convive com gatos sabe que eles são animais independentes, mas isso não significa que não precisem de companhia. Apesar do estereótipo de que são solitários, os felinos podem se beneficiar muito da convivência com outros da mesma espécie.
Além disso, a adoção responsável se torna um fator essencial nessa discussão. Com milhares de gatos abandonados nas ruas ou em abrigos, oferecer um lar para mais de um gato não é apenas benéfico para os animais, mas também um ato de compaixão que pode salvar vidas.
Companhia: por que um gato precisa de outro?
De acordo com a médica veterinária clínica, anestesista e cirurgiã de pequenos animais, Dra. Bárbara Sansão, gatos que crescem ou convivem juntos tendem a ser mais equilibrados emocionalmente. "Os gatos são territoriais, mas também são sociáveis quando acostumados desde cedo com a presença de outros felinos. Ter um companheiro pode reduzir o estresse e estimular comportamentos naturais, como brincadeiras e a troca de lambidas, que fortalecem o vínculo entre eles", explica.
A interação entre gatos também pode ser uma solução para evitar problemas de comportamento. Muitos tutores percebem que seus gatos ficam entediados ou ansiosos quando passam muito tempo sozinhos. "Um gato sozinho pode desenvolver problemas como lambedura excessiva, destruição de móveis e até depressão. Quando há outro gato, eles se entretêm e têm um enriquecimento ambiental natural", acrescenta a veterinária.
Ela considera de suma importância antes de fazer a introdução de um gato ao ambiente certificar sobre a saúde do novo membro. "realize uma consulta com o veterinário para atestar a saúde clínica, incluindo testes para as viroses felinas", aconselha.
Adoção responsável: dar um lar a quem precisa
Além dos benefícios para o comportamento felino, adotar mais de um gato contribui para reduzir a superpopulação de animais abandonados. Segundo dados de ONGs de proteção animal, milhares de gatos vivem nas ruas ou esperam por um lar em abrigos lotados.
A Designer Patrícia Marins, que adotou três gatos ao longo dos anos, reforça a importância de considerar a adoção dupla, principalmente no caso de filhotes. "Minha primeira gata foi a Pérola. Ela ficou sozinha por alguns anos, e eu percebi que ela ficava triste quando eu saía para trabalhar. Foi então que decidi adotar o Osvaldinho para fazer companhia para ela. No início, a adaptação não foi fácil, mas segui as orientações da veterinária, e logo os dois se tornaram inseparáveis. Depois, resolvi adotar o Evaristo. Passamos novamente pelo processo de adaptação com acompanhamento veterinário, e hoje eles convivem bem. Se eu pudesse, adotaria mais um", afirma a designer.
"Pérola já estava acostumada com o ambiente sozinha, por mais que ficasse triste. Claro que, quando o Oswaldinho chegou, ela estranhou no início. Depois veio o Evaristo, e a adaptação também não foi tão simples. Mas, ao mesmo tempo, não foi um bicho de sete cabeças. Com muita calma, amor e paciência tudo se ajeitou. É claro, de vez em quando tem uma briguinha, mas isso é normal até entre irmãos humanos", avalia Patrícia.
A Dra. Bárbara Sansão confirma que adotar dois gatos de uma vez pode facilitar a adaptação. "Principalmente quando são irmãos ou já têm um vínculo prévio, a adoção conjunta pode evitar o estresse da separação e garantir que os gatos tenham uma referência segura no novo lar", esclarece.
A chegada de um gato: como garantir boa adaptação?
Para quem já tem um gato e pensa em adotar outro, é fundamental fazer a adaptação de forma gradual. O primeiro passo é manter os gatos separados nos primeiros dias, permitindo que se acostumem ao cheiro um do outro antes do contato direto. "Trocar paninhos com o cheiro de cada gato e permitir interações controladas, como através de uma porta entreaberta, pode ajudar na aceitação mútua", orienta a veterinária.
A supervisão dos primeiros encontros e o reforço positivo também são essenciais para evitar conflitos. "Nunca force o contato. Cada gato tem seu tempo e a adaptação pode levar semanas. O ideal é observar as interações e intervir apenas se houver sinais de agressividade", complementa.
Como fazer a adaptação entre gatos?
Receber um novo gato em casa pode ser emocionante, mas também um desafio, especialmente se já houver outro felino no ambiente. Diferente dos cães, gatos são animais territoriais e podem levar um tempo para aceitar um novo companheiro. Sem uma introdução adequada, a convivência pode se tornar estressante para ambos, resultando em brigas e comportamentos indesejados.
Para entender o processo de adaptação entre gatos e evitar conflitos, a veterinária Bárbara Sansão, explica que a paciência e a técnica certa são fundamentais para garantir uma boa convivência.
Sinais de que a adaptação está funcionando
Bárbara Sansão destaca que cada gato tem seu tempo, e o processo pode levar dias ou até semanas. Alguns sinais de que a adaptação está indo bem incluem curiosidade mútua sem sinais de agressividade, brincadeiras e até o compartilhamento de espaços sem desconforto.
Por outro lado, se houver brigas constantes, marcação de território excessiva ou sinais de estresse prolongado, pode ser necessário rever o processo e até buscar ajuda profissional.
A adaptação entre gatos exige paciência e respeito ao tempo de cada animal. Seguir as etapas corretamente pode evitar conflitos e garantir uma convivência harmoniosa.
"No final, o esforço vale a pena. Muitos gatos que começaram com desconfiança acabam se tornando grandes amigos", conclui Bárbara Sansão.
Passo a passo para uma boa adaptação
Segundo a veterinária , a pressa é um dos maiores erros que os tutores cometem ao tentar apresentar um novo gato. "A apresentação deve ser gradual, respeitando o tempo de cada animal. Forçar um contato direto pode gerar medo e agressividade", alerta.
1. Ambiente separado no início
O primeiro passo é manter o novo gato em um cômodo separado, com seus próprios recursos – caixa de areia, comida, água e brinquedos. Isso permite que ele se acostume ao novo espaço sem a interferência do outro gato.
2. Troca de cheiros
Depois de alguns dias, a troca de odores entre os gatos é essencial. "Você pode fazer isso trocando paninhos com o cheiro de cada um ou até esfregando uma toalha no rosto de um e depois no outro", sugere a veterinária.
3. Contato visual controlado
Quando ambos já estiverem confortáveis com o cheiro um do outro, o próximo passo é permitir que se vejam, mas sem contato direto. "Isso pode ser feito através de uma fresta na porta ou de uma barreira, como um portão de bebê", recomenda a Dra. Bárbara.
4. Encontros supervisionados
Após alguns dias de interações visuais sem reações agressivas, os gatos podem ser apresentados em um ambiente aberto, mas com supervisão. "Nessa fase, é importante que o tutor esteja atento aos sinais de desconforto, como rosnados, pelos eriçados e cauda chicoteando", explica.
5. Reforço positivo
Sempre associe a presença do outro gato a algo positivo, como petiscos ou brincadeiras. "Isso ajuda a criar uma associação agradável e reduz a tensão", enfatiza a veterinária.