A evangelização é mais do que uma simples transmissão doutrinal e moral. É em primeiro lugar testemunho do encontro pessoal com Jesus Cristo. Um testemunho indispensável porque o mundo precisa de evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar. Não significa transmitir uma ideologia nem uma doutrina sobre Deus. Significa transmitir Deus, que se torna vida em mim.
É necessário recordar que o testemunho abrange também a fé professada, ou seja, a adesão convicta e manifesta a Deus Pai e Filho e ao Espírito Santo, que nos criou e nos redimiu por amor. Uma fé que nos transforma, que transforma as nossas relações, os critérios e os valores que determinam as nossas escolhas.
Por conseguinte, testemunhar não pode prescindir da coerência entre aquilo em que se acredita, o que se anuncia e o que se vive. Uma pessoa é credível se houver harmonia entre aquilo em que acredita e o que vive. Muitos cristãos só dizem que acreditam, mas vivem outra coisa, como se não acreditassem. E isto é hipocrisia.
Convido a todos a responderem três perguntas fundamentais formuladas por São Paulo VI, o Papa que em 1975 escreveu um importante documento sobre evangelização: “Acredita no que anuncia? Vive aquilo em que acredita? Anuncia o que vive?”. Não podemos nos contentar com respostas fáceis, predefinidas. Somos chamados a aceitar até o risco desestabilizador da busca, confiando plenamente na ação do Espírito Santo
que age em cada um de nós.
Assim, devemos estar conscientes de que os destinatários da evangelização não são somente os outros, aqueles que professam outras crenças ou que não as professam, mas também nós, crentes em Cristo e membros ativos do povo de Deus. E devemos nos converter todos os dias, aceitar a palavra de Deus e mudar de vida: todos os dias! É assim que se faz a evangelização do coração.