Arte coluna Padre Omar 03 maio 2025Arte Paulo Márcio
Ainda levaremos tempo para absorver plenamente o impacto das palavras e gestos de cuidado com os mais vulneráveis deixados pelo Papa Francisco. Durante todo o seu pontificado, ele nos convidou a viver uma “Igreja pobre para os pobres”, uma proposta que vai além do discurso religioso e aponta para uma profunda transformação social.
Em uma de suas mensagens, Francisco citou uma passagem extraída do Livro de Tobias: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar”. Para ele, encontrar-se com os pobres é encontrar-se com o próprio Cristo. Ignorar o sofrimento alheio é, portanto, uma forma de negar a nossa própria humanidade.
Vivemos em tempos em que a indiferença se tornou comum, e o conforto pessoal, uma prioridade. Mas o Papa nos deixou um desafio: devemos sacudir essa apatia, romper com o conformismo e ir ao encontro de toda forma de pobreza — material, afetiva, espiritual. O risco é grande: falar sobre os pobres pode cair facilmente na retórica vazia ou na frieza das estatísticas. No entanto, os pobres não são números — são pessoas, com rostos, histórias, sonhos e dores.
É essencial que nossas ações sejam guiadas por um realismo evangélico: a partilha que transforma não é aquela que distribui sobras, mas a que responde às necessidades concretas do outro. E, mais do que qualquer bem material, o que os pobres precisam com urgência é de acolhimento, escuta e de um coração aberto.
Essa é uma convocação a todos nós — crentes ou não — a repensar nossas atitudes, a reconhecer no rosto dos mais pobres o espelho de nossa própria dignidade. O cuidado com os vulneráveis não é apenas um gesto de caridade: é um compromisso profundamente humano.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.