Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação
Ainda me lembro bem. Foi em meados da década de 1960, em que eu desci a serra de ônibus de Petrópolis para o Rio sentado ao lado do futuro escritor Flávio Moreira da Costa. Sua obra posterior mereceu elogios de colegas como Julio Cortázar, Jorge Amado e Antonio Houaiss, dentre outros. Na época, ele havia terminado o curso de Direito da UCP - Universidade Católica de Petrópolis. Conversa vai, conversa vem, eu defendi a importância do ar-condicionado nas escolas em benefício do melhor rendimento dos alunos, em especial num país tropical como o Brasil com regiões muito quentes.
Talvez eu tivesse sendo impactado pelo fato de ter vindo de Duque de Caxias, uma cidade quente, para fazer os antigos ginásio e colegial em Petrópolis, que era conhecida por seu clima agradável mesmo no verão e bem frio no inverno. Ele me disse que não lhe parecia essencial refrigerar as salas de aula. Eu discordei, mas a troca de ideias não avançou. Eu na minha, e ele na dele.
Qual não foi a minha surpresa ao assistir recentemente um programa de televisão sobre os efeitos do ar-condicionado nas escolas públicas. O diferencial foi o fato de terem entrevistado professore(a)s e aluno(a)s sobre a reação deles nas escolas que dispunham do equipamento no Rio de Janeiro. Em geral, a reação do corpo docente e discente foi muito favorável ao ar-condicionado.
As razões apontadas foram, de fato, bastante convincentes. A primeira, dita por uma professora, é que o grau de atenção dos estudantes na aula ministrada melhorava significativamente. E que o grau de ruídos e conversas em sala também se reduzia muito. Algazarra em aula é inimiga do silêncio necessário à absorção do que está sendo ensinado ou debatido. Falas simultâneas impedem a transmissão de conhecimentos e a própria troca de ideias.
Por parte dos estudantes, dava para notar entusiasmo pelo ar-condicionado. Os depoimentos respaldavam o que as professoras haviam dito. Curioso foi o que disse uma professora de educação física. Ao termino da aula, lavavam o rosto para entrar na sala refrigerada. E aí ela repetiu algumas vezes: quando o ar funciona. Ilustra bem nosso velho problema de fazer manutenção regular.
Foi então que me veio à mente a inauguração de Brasília em 1960. E do ar-condicionado indispensável para que o Senado e a Câmara dos Deputados pudessem funcionar, já que eram espaços completamente fechados. Para o andar de cima, o clima refrigerado já estava disponível desde então. Foi preciso mais de meio século para que a classe dirigente se desse conta da importância do ar-condicionado para o
aprendizado efetivo das futuras gerações. Dá bem a medida do que é prioridade quando se trata de educação e classe dirigente.
Em suma, o ar-condicionado se tornou cada vez mais essencial para quem trabalha em escritórios ou em salas de aula transmitindo ou produzindo conhecimento na área de pesquisa. No Centro do Rio de Janeiro, hoje, é praticamente impossível entrar num edifício ou loja comercial sem sentir seu efeito agradável.
O Flavinho, como era carinhosamente chamado pelos amigos, se equivocou. E foi assim que perdemos muito tempo em ganhos de qualidade na educação pública desde 1960.
Talvez eu tivesse sendo impactado pelo fato de ter vindo de Duque de Caxias, uma cidade quente, para fazer os antigos ginásio e colegial em Petrópolis, que era conhecida por seu clima agradável mesmo no verão e bem frio no inverno. Ele me disse que não lhe parecia essencial refrigerar as salas de aula. Eu discordei, mas a troca de ideias não avançou. Eu na minha, e ele na dele.
Qual não foi a minha surpresa ao assistir recentemente um programa de televisão sobre os efeitos do ar-condicionado nas escolas públicas. O diferencial foi o fato de terem entrevistado professore(a)s e aluno(a)s sobre a reação deles nas escolas que dispunham do equipamento no Rio de Janeiro. Em geral, a reação do corpo docente e discente foi muito favorável ao ar-condicionado.
As razões apontadas foram, de fato, bastante convincentes. A primeira, dita por uma professora, é que o grau de atenção dos estudantes na aula ministrada melhorava significativamente. E que o grau de ruídos e conversas em sala também se reduzia muito. Algazarra em aula é inimiga do silêncio necessário à absorção do que está sendo ensinado ou debatido. Falas simultâneas impedem a transmissão de conhecimentos e a própria troca de ideias.
Por parte dos estudantes, dava para notar entusiasmo pelo ar-condicionado. Os depoimentos respaldavam o que as professoras haviam dito. Curioso foi o que disse uma professora de educação física. Ao termino da aula, lavavam o rosto para entrar na sala refrigerada. E aí ela repetiu algumas vezes: quando o ar funciona. Ilustra bem nosso velho problema de fazer manutenção regular.
Foi então que me veio à mente a inauguração de Brasília em 1960. E do ar-condicionado indispensável para que o Senado e a Câmara dos Deputados pudessem funcionar, já que eram espaços completamente fechados. Para o andar de cima, o clima refrigerado já estava disponível desde então. Foi preciso mais de meio século para que a classe dirigente se desse conta da importância do ar-condicionado para o
aprendizado efetivo das futuras gerações. Dá bem a medida do que é prioridade quando se trata de educação e classe dirigente.
Em suma, o ar-condicionado se tornou cada vez mais essencial para quem trabalha em escritórios ou em salas de aula transmitindo ou produzindo conhecimento na área de pesquisa. No Centro do Rio de Janeiro, hoje, é praticamente impossível entrar num edifício ou loja comercial sem sentir seu efeito agradável.
O Flavinho, como era carinhosamente chamado pelos amigos, se equivocou. E foi assim que perdemos muito tempo em ganhos de qualidade na educação pública desde 1960.
Digite no Google "Dois Minutos com Gastão Reis: Humildade para aprender". Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=s_oAVkiL6nU.
Gastão Reis
Economista e palestrante
Economista e palestrante
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