Luarlindo Ernesto, repórter do Jornal O DIA.Arquivo O DIA
E eis que, de repente, surge o Fred. Trouxe cerveja e salame. Eu, sofrendo com uma dieta infernal, corri para pegar o bule com chá de camomila. Afaste-me desse cálice! O amigo da vassoura sorriu. Foi minha vez de padecer. Júlio apareceu, também. Desliguei o som, mandei o Charles Aznavour embora e abracei o
pacotinho de biscoito água e sal. Encarei a sessão de tortura com todo a dignidade que consegui reunir.
vestido, com dentes clareados, sorriso permanente. Chegou, foi entrando e se apresentou. Paulista, de família italiana, bem vestido.
- Foi o vizinho dos fundos que indicou vocês. Deprimido, resolvi ver para crer a reunião matinal dos amigos - explicou. Claro que foi admitido no grupo dos vizinhos. Mas, é bom deixar claro, amigos, ele está na fase de experiência. Fred foi logo perguntando sobre detalhes da vida dele. Caramba, o cara não tem problemas algum. Digno de pena. Como não ter problemas?
Júlio diagnosticou: - Tá aí o motivo para pensar que está com depressão. - E foi adiante: - Melhor você arrumar uns probleminhas. Sem eles, você não vive. - Silêncio geral. Logo os amigos começaram a fazer perguntas, inclusive as íntimas. Depois de uns longos minutos, a turma chegou a conclusão e foi Ibiapina, um dos últimos a chegar, que tomou a palavra: - Melhor você arranjar uma mulher, de preferência com uns dois filhos. Tem que ser mulher que dê um baque no seu cartão de crédito nos shoppings da vida.
não entendeu nada do vizinho estreante.
legumes e verduras. Quase esqueci dos passarinhos. Tô cheio de problemas. Ainda bem que estou sem saudades.
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