Kathlen Romeu, que estava grávida, morreu após ser baleada em uma operação no Complexo do Lins, em julho de 2021Reprodução/Instagram

Manifestantes se reuniram na porta do Tribunal de Justiça, no centro do Rio, desde às 13h, em um ato pela memória de Kathlen Romeu, jovem grávida de 24 anos morta durante um confronto entre policiais militares e criminosos em uma operação no Complexo do Lins, na Zona Norte, em 2021. O ato conta com organização da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), que redigiu uma carta aberta direcionada às autoridades e à sociedade fluminense. O caso ainda está sob investigação do Ministério Público, e os PMs envolvidos passam por audiência nesta tarde.

No documento, o coletivo reclama da demora na resolução do caso, e queixou-se da atuação do Estado nas áreas menos favorecidas do Rio. É razoável que o caso da Kathlen e seu bebê leve um ano para que os policiais que atiraram sejam considerados réus? É razoável que após a acusação, o julgamento leve mais um ano para começar? [...] E se fossem uma jovem grávida branca e moradora do Leblon? [...] Os acusados tiveram identidades e rostos preservados, enquanto as vítimas tiveram até dados vazados. O Ministério Público resolveu o caso do menino Henri em poucos meses, mas quando se trata de uma jovem negra grávida com seu bebê na barriga, demorou mais de um ano para fazer as acusações”, denuncia o grupo.

Dentre as reivindicações, a Faferj pede o fim das tróias policiais, que consiste na emboscada de suspeitos por meio do uso de casas de moradores das comunidades. O tema é abordado em um projeto de lei em tramitação na Alerj, batizado de Kathlen Romeu, que pede o fim da prática que resultou na morte da jovem. Renata Souza (PSOL), autora da proposta, esteve presente no ato em solidariedade à família de Kathlen e em apoio às reivindicações da manifestação.
*Colaborou o estagiário Gustavo Braz, sob supervisão de Aline Macedo.