Tatiana Roque, Secretária Municipal de Ciência e Tecnologia do RioDivulgação
Primeira mulher a ocupar a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Tatiana Roque é professora titular do Instituto de Matemática da UFRJ, onde se formou em Informática e fez mestrado e doutorado. Foi coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, presidente do Sindicato dos Docentes (AdUFRJ) e é a primeira suplente a deputada federal no Rio. A secretária está empenhada em ajudar a transformar a cidade num polo de tecnologia do país. Tatiana explicou o funcionamento das Naves do Conhecimento. "As unidades promovem a capacitação profissional da população de baixa renda, beneficiando principalmente moradores desses locais, que representam um contingente considerável de pessoas que muitas vezes não têm acesso a um computador".
Como o Rio de Janeiro pode se destacar e se tornar um polo de tecnologia no país?
É uma vocação natural da cidade, que possui um ecossistema ligado às universidades, institutos de pesquisa, além do empreendedorismo carioca. Recentemente, o Rio sediou megaeventos ligados à tecnologia, inovação e criatividade, como o Web Summit, Rio2C e o Rio Innovation Week. Isso também é fruto do trabalho e dos esforços da Prefeitura. O Porto Maravalley, por exemplo, receberá a primeira graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Esse é um projeto fundamental que simboliza o retorno da valorização da ciência e será um diferencial para nossa cidade. Trará muitas oportunidades nos setores de tecnologia e inovação. Temos que investir e privilegiar novas tecnologias que possam dinamizar a economia do Rio. Além disso, para aprimorar a relação do poder público com as Universidades, a Prefeitura fará um grande centro de inteligência artificial, com a COPPE-UFRJ, no antigo imóvel do Automóvel Clube, que está sendo completamente reformado.
O que é necessário fazer de forma prática para diminuir a desigualdade no mercado de trabalho em áreas de tecnologia e inteligência artificial?
Em primeiro lugar, nosso trabalho é desenvolver políticas públicas para que a tecnologia não seja uma ferramenta de aprofundamento das desigualdades sociais e econômicas. Ela deve estar ao alcance de todos, sem exceção. Meu objetivo à frente da pasta é promover o fortalecimento científico e tecnológico no Rio por meio de iniciativas de apoio a democratização e acesso ao universo digital. Dessa forma, impulsionamos tanto o desenvolvimento tecnológico do município quanto o desenvolvimento pessoal e profissional dos cariocas. Já fazemos isso por meio de projetos como as Naves do Conhecimento e a recém-lançada Estação Rio de Tecnologia, em parceria com a Firjan, SENAI e SESI, e a Plataforma Rio On, em parceria com o Senac RJ, capacitando jovens e adultos gratuitamente para um novo mercado de trabalho que está em constante transformação. Estamos atentos às mudanças desse setor, no qual as empresas estão em busca de profissionais com conhecimento nas novas ferramentas do século XXI, como programas, robótica, IA, etc...
A cidade do Rio tem, até o momento, nove Naves do Conhecimento, nas Zonas Norte e Oeste. Como esses equipamentos impactam a população mais pobre? Há previsão de aumentar esse número para outros locais?
As Naves transformam a vida das pessoas e permitem que elas sonhem com um futuro melhor. As unidades promovem a capacitação profissional da população de baixa renda, beneficiando principalmente moradores desses locais, que representam um contingente considerável de pessoas que muitas vezes não têm acesso a um computador. É impressionante a quantidade de pessoas da terceira idade, ou seja, da melhor idade, que procuram nossos equipamentos em busca de inclusão digital. Oferecemos cursos para pessoas de todas as idades. De dezembro de 2021 até o mês passado, foram emitidos 30.849 certificados para alunos aprovados nos cursos e oficinas oferecidos gratuitamente nas unidades. As Naves registraram 415.059 acessos presenciais no mesmo período. Vamos expandir o Projeto Naves, lançando ainda este ano as Naves Satélites, que ocuparão espaços das bibliotecas dos Cieps, que estão sem uso. Implantaremos ali naves menores.
A Secretaria lançou recentemente um projeto com oficinas gratuitas voltadas à computação e tecnologia. Qual tem sido o resultado dessa ação?
Lançamos no mês de julho a Estação Rio de Tecnologia, um projeto da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia que conta com dois caminhões oferecendo gratuitamente oficinas e workshops presenciais para a população maior de 18 anos em diferentes regiões da cidade do Rio. A Estação Rio possibilita que a SMCT amplie a capilaridade e a atuação de seus equipamentos, atraindo novos públicos para o universo digital. Em um ano, o projeto visa ofertar 600 oficinas. São cursos de Excel, PowerPoint básico, redes sociais para negócios, Word para a terceira idade, entre outros. Na primeira fase, os veículos ficaram posicionados na Central do Brasil e na sede da Prefeitura. Na segunda fase, levamos o projeto para bairros da Zona Norte, Vigário Geral e Pavuna. É crucial oferecer oportunidades para as pessoas aprimorarem suas competências pessoais e contribuírem para melhorar a qualidade de vida delas por meio do desenvolvimento de habilidades tecnológicas.
A Prefeitura deve se aproximar cada vez mais das universidades?
Promovemos várias iniciativas com esse intuito. Lançamos o "Rio de Conhecimento", um projeto que aproxima e estabelece um diálogo constante entre a SMCT, as universidades e instituições de pesquisa da cidade. Este ano, lançamos a primeira edição do "Prêmio Elisa Frota Pessoa", em parceria com o Museu do Amanhã. Um concurso para premiar os melhores artigos acadêmicos produzidos por alunas do ensino superior do município do Rio de Janeiro, que abordem a relação da ciência e tecnologia com o tema das desigualdades de gênero. Além disso, levamos as universidades para dentro das Naves, abrindo esses espaços para o desenvolvimento de programas de extensão por parte de docentes, discentes e técnico-administrativos das universidades. Estamos alinhando parcerias com a UFRJ, a UniRio e a PUC. Ainda teremos muitas ações por vir, com o “Jovem Cientista Carioca”, a ser lançado em breve. Iniciativa que tem como objetivo dar luz a iniciativas dentro das universidades e dos institutos federais, sediados na cidade do Rio de Janeiro, impulsionadas por jovens, através de bolsas para esses alunos.
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