Filhote de onça-parda é resgatado no município de Cambuci - no Norte Fluminense e trazido para São Gonçalo, na região metropolitana. A oncinha foi avistada por um produtor rural que comunicou imediatamente às autoridades através do canal de denúncias Linha Verde. No entanto, este caso não foi associado a nenhum crime ambiental.
Segundo o biólogo e subsecretário de Meio Ambiente de São Gonçalo, Glaucio Teixeira Brandão, é possível a presença dessa espécie naquela região do Rio de Janeiro. No entanto, ressalta ser cada vez mais raro por conta do desflorestamento da Mata Atlântica. Questionado sobre o que possa ter ocorrido para o filhote ter sido encontrado sozinho, o especialista esclarece que, por enquanto, não há nenhuma hipótese levantada sobre o que ocorreu.
Oncinha pagã: não será batizada
Quase sempre que um animal é encontrado rapidamente os especialistas e a população em geral querem logo batizá-lo. No entanto, Glaucio Brandão argumenta que ela ou ele, não vai receber um nome já que a intensão é devolvê-lo a natureza.
"Nos que trabalhamos com animais de vida livre não podemos nominar para não criar vínculos, já que, a ideia no futuro e se possível, é a reintrodução no habitat natural".
A Prefeitura de São Gonçalo e o Comando de Polícia Ambiental esclarecem que o animal não será reintroduzido ao habitat de imediato. Primeiramente porque trata-se de um filhote. Além disso, o manejo de felinos para que sejam devolvidos à natureza é complexo, depende de autorização de outros órgãos ambientais e necessita de estudo técnico de veterinários e biólogos para que seja solto em local adequado.
Longa Viagem
Especialistas enviados resgataram o filhotinho que foi transportado em uma viatura climatizada pela tenente Camila Almeida, doutora médica veterinária e especialista clínica de animais selvagens. A oncinha passa agora a receber cuidados dos profissionais da Asas São Gonçalo (Área de Soltura de Animais Silvestres). Foi submetida ao primeiro atendimento clínico-laboratorial e veterinário e fez exame de sangue (incluindo sorologia de Fiv/ FeLV). Além disso, foi alimentada e estabilizada após a longa viagem de seis horas de Cambuci até São Gonçalo, mitigando assim os riscos decorrentes do estresse do processo.
“O animal veio para a Asas porque era o local mais próximo que poderia proporcionar a assistência adequada, o que é fundamental, tratando-se de um filhote de felídeo. Aqui ele recebeu todo o cuidado necessário e inclusive retiramos um carrapato que estava na região ocular do animal assim que chegou”, finaliza Glaucio Brandão.
ASAS de São Gonçalo vira referência
A área de soltura é um importante local de apoio para toda a região, atendendo até estados vizinhos. Apresenta infraestrutura de equipamentos, recintos e atendimento médico-veterinário todos os dias.
“É gratificante saber que um equipamento que inauguramos há cerca de um ano rapidamente teve sua relevância reconhecida, atuando em parceria com instituições sérias como o Cpam, universidades e também atendendo às demandas que chegam através da população”, destacou o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson.
Linha Verde
Trata-se de um canal de denúncias anônimas, para que a população informe às autoridades a respeito de crimes ambientais, especialmente contra a fauna e flora. A plataforma também atende a denúncias de ameaças às áreas de preservação permanente, Unidades de Conservação e maus tratos aos animais.
O número do Disque–Denúncia do Linha Verde é 0300 2253 1177. Já o contato para resgate de animais silvestres pela Asas é feito através do telefone (21) 2199-6336
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