Brasil precisa se adequarfoto de divulgação Embrapa

Tentando retomar o seu protagonismo mundial sustentável, o Brasil precisa efetivar seu Pacote Verde como forma de atender às expectativas globais nesta direção. Por enquanto, a política tem sido de desfazer a imagem de porteiras abertas para o desrespeito ambiental. Após o desmonte da (i)responsabilidade pública na questão ambiental, é preciso remontar a máquina pública para sanar a sangria e recolocar o país nos eixos o mais rápido possível. O mundo não vai para para esperar arrumarmos a casa novamente!
Precisamos seguir em consonância com o esforço planetário de redução das emissões de carbono tanto na indústria, como no agronegócio. Diga-se de passagem, essa adequação é muito mais fácil para o Brasil do que para a maioria dos países. Na corrida em prol dessa nova ordem mundial, já largamos com quilômetros de vantagem. Possuímos mais de 80% de nossa matriz energética limpa.
Queimadas na imagem do Brasil
No entanto, temos em nosso calcanhar de Aquiles os desmatamentos e as queimadas que garantem as nossas emissões de carbono. Fruto da falta de conscientização, fiscalização, punição e conivência, esses problemas nunca foram totalmente controlados mas tínhamos avançado bastante, porém, regredimos quase à Idade da Pedra nos últimos anos.
A vocação brasileira para o mercado ambiental é evidente para todos, e finalmente o governo curou-se da miopia anterior e atualmente transforma o verde em uma de nossas principais bandeiras internacionais, atendendo a uma expectativa mundial. Tanto que nas recentes viagens da comitiva brasileira, a maioria dos acordos assinados com outros países e que trazemos na bagagem de retorno é justamente no campo ambiental. Ou seja, temos o que eles precisam. Mas isso não pode subir à cabeça ao ponto de acharmos que podemos colocar o "boi na sombra" achando que não precisamos fazer mais nada ou usar da verborragia para comentar sobre tudo na geopolítica mundial e criar indisposições políticas desnecessárias. Precisamos focar no papel que desempenhamos bem e no potencial que temos no campo ambiental.
Corrida contra aquecimento
O planeta desperta tardiamente e de forma urgente para os efeitos drásticos do aquecimento global. Portanto, corre-se rumo ao baixo carbono. E nesse caminho, quem não estiver na mesma velocidade vai comer poeira e dificilmente poderá recuperar a dianteira
Precisamos limpar os óculos de empresários mais retrógrados tanto da indústria como do agronegócio que ainda não enxergaram que a nova ordem mundial caminha rumo à sustentabilidade e quem não estiver pronto para embarcar agora vai perder o bonde da história. 
Agronegócio
Não se pode negar que só não configuramos a estagnação econômica nos últimos anos por conta do bom desempenho do agronegócio, que fez crescer a rentabilidade por área plantada registrando um dos maiores saltos da nossa história. Mas para a configuração global atual não bastam mais apenas a relação quantidade e preço mais baixo. Entram nessa contabilidade outras variáveis em que precisamos melhorar, como questões ambientais e sociais.
Provocamos um forte arrepio no nosso mercado consumidor externo a cada denúncia de desmatamento ou de trabalho análogo ao escravo. São máculas em nossa imagem que podem neutralizar nossos avanços em produção/preço.
Não podemos ser ingênuos e achar que só de boa intenção vive o mundo. Por isso, para que qualquer plano dê certo, é preciso conectar o socioambiental com a economia. E a Agenda ESG já pode servir de cartilha para embasar essa nova direção. 
Pressão dos importadores
O Pacote Verde da União Europeia está implantado. Até a China quer se desfazer da imagem de vilã socioambiental. É uma das maiores importadoras do planeta em alimentos e a principal parceira do Brasil e passa por profunda transformação. Precisa se adapta ao seu compromisso com a neutralidade do carbono até 2060. Parece longe, mas em termos históricos é praticamente hoje. Essa corrida tem provocado mudanças significativas não só em sua legislação chinesa, mas na conscientização da população. Nesta direção, medidas efetivas são implantadas na rastreabilidade dos produtos importados e o consumidor final, que antes ignorava questões socioambientais e despertaram agora como gigantes ferrenhos defensores da causa.
É simples assim! Quem não se adequar não vende para esses países. Restará redistribuir no mercado interno ou se submeter às nações menos responsáveis socioambientalmente, que, como únicas opções vão barganhar os produtos brasileiros a preço de banana.