os riscos da automedicação e da prescrição exagerada por médicosfoto de divulgação Ministério da Saúde
Existem correntes que defendem, até mesmo dentro da medicina tradicional, uma prescrição mais comedida.
O Uso irracional de medicamentos é responsável pelo aumento de efeitos adversos como alergias, bactérias mais resistentes, infecções recorrentes e gastos excessivos. Segundo Rafael Luís, oncologista do Grupo Sonhe, os médicos também têm responsabilidade já que 50% das prescrições são inadequadas ou irracionais, conforme aponta a OMS.
Ainda segundo o oncologista, a medicina baseada em valor prevê o uso de medicação com bom senso, aliando as melhores evidências científicas ao benefício clínico desejado para a população, levando em conta os fatores econômicos para o sistema e para o indivíduo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 77% dos brasileiros costumam se automedicar e 50% dos pacientes tomam os remédios prescritos de forma incorreta. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), devido a isso, três pessoas são intoxicadas por hora no Brasil. A cada ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir medicamentos de forma errada e, em média, 73 acabam morrendo. O país registrou 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre 2008 e 2012, seja por acidente, tentativa de suicídio, uso terapêutico ou erro de administração.
O uso indiscriminado contempla situações diversas como a utilização inadequada de antimicrobianos, de medicações injetáveis - em vez de orais - quando estas poderiam ser mais apropriadas, o não seguimento das diretrizes clínicas, a automedicação e o uso da dosagem incorreta.
“As alergias se tornam mais comuns, as infecções mais recorrentes, bactérias mais resistentes… em alguns casos, a medicação utilizada de forma inadequada pode gerar dependência química”, explica o doutor Rafael Luís.
Quando se trata de crianças a situação é ainda mais preocupante. Por terem menos massa corporal precisam de dosagens diferenciadas. Além disso, os mais novos ainda encontram dificuldade ou impossibilidade de verbalizarem os efeitos que possam estar sentindo. Isso sem contar que, por terem teoricamente mais tempo de vida pela frente, apresentam um período de exposição maior.
“O excesso de medicação é um problema também na área infantil. Hoje é um pouco menos porque agora a gente se vende, teoricamente, antibióticos com receita. Antes a mãe ia nas farmácias e comprava direto” - alerta a pediatra Maria Elizabeth Santos.
“Hoje, isso é bem mais difícil, embora existam farmácias piratas”.
Com o objetivo de promover o uso racional, o especialista da Farmácia Artesanal, Mário Abatemarco, um dos maiores grupos de franquias de manipulação do Brasil, desfaz uma sequência de mitos:
•Toda doença requer uso de medicamento no tratamento.
•Devem sempre ser tomados com estômago cheio ou com leite.
•Os melhores locais para armazenamento são a cozinha e o banheiro e para o descarte, o vaso sanitário ou lixo da cozinha.
•Partir um comprimido é a melhor opção para ter a metade da dose.
•O descarte inadequado afeta diretamente o meio ambiente devendo ser encaminhados para um posto de coleta.
•Prevenir é sempre o melhor remédio.
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