os riscos da automedicação e da prescrição exagerada por médicosfoto de divulgação Ministério da Saúde

O acúmulo de medicação no decorrer da vida de uma pessoa pode ter efeitos colaterais muito além dos que constam nas bulas. O processo acumulativo e as combinações de fórmulas no organismo a médio e a longo prazos ainda precisam ser mais estudados e aparecerem de forma mais transparente para a população. Algumas correntes defendem a prescrição mais racional por parte dos profissionais de saúde. Isso sem falar na automedicação ou indicação por pessoas não habilitadas como: pais, amigos e vendedores de farmácia não credenciados.
Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos
Para chamar a atenção para esse problema foi criada a data. Outra atitudes que somadas podem agravar mais o quadro, como: produtos vencidos, falsificados, aproveitamento de receitas de terceiros, o armazenamento em lugar e temperatura adequados, parar no meio do tratamento, prolongar o mesmo por conta própria… A OMS aponta que 50% dos pacientes tomam remédios de forma incorreta.
Excesso de prescrições
Existem correntes que defendem, até mesmo dentro da medicina tradicional, uma prescrição mais comedida.
“Na minha opinião, o que se pode é conscientizar mais, tanto os profissionais para que não passem remédios em excesso como as mães” explica a pediatra Maria Eelizabeth dos Santos.
O Uso irracional de medicamentos é responsável pelo aumento de efeitos adversos como alergias, bactérias mais resistentes, infecções recorrentes e gastos excessivos. Segundo Rafael Luís, oncologista do Grupo Sonhe, os médicos também têm responsabilidade já que 50% das prescrições são inadequadas ou irracionais, conforme aponta a OMS.
“Os prejuízos são enormes para a saúde da população e para o sistema econômico e é por isso que a medicina baseada em valor é fundamental”, reforça Rafael Luís.
Ainda segundo o oncologista, a medicina baseada em valor prevê o uso de medicação com bom senso, aliando as melhores evidências científicas ao benefício clínico desejado para a população, levando em conta os fatores econômicos para o sistema e para o indivíduo.
Automedicação
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 77% dos brasileiros costumam se automedicar e 50% dos pacientes tomam os remédios prescritos de forma incorreta. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), devido a isso,  três pessoas são intoxicadas por hora no Brasil. A cada ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir medicamentos de forma errada e, em média, 73 acabam morrendo. O país registrou 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre 2008 e 2012, seja por acidente, tentativa de suicídio, uso terapêutico ou erro de administração.
Efeitos colaterais
O uso indiscriminado contempla situações diversas como a utilização inadequada de antimicrobianos, de medicações injetáveis - em vez de orais - quando estas poderiam ser mais apropriadas, o não seguimento das diretrizes clínicas, a automedicação e o uso da dosagem incorreta.
“As alergias se tornam mais comuns, as infecções mais recorrentes, bactérias mais resistentes… em alguns casos, a medicação utilizada de forma inadequada pode gerar dependência química”, explica o doutor Rafael Luís.
Atualmente, existe um comitê relacionado ao assunto ligado ao Ministério da Saúde, que atua, entre outras frentes, estratégias para difundir o uso das evidências científicas e conscientizando os profissionais e pacientes sobre o tema.
Pediatria
Quando se trata de crianças a situação é ainda mais preocupante. Por terem menos massa corporal precisam de dosagens diferenciadas. Além disso, os mais novos ainda encontram dificuldade ou impossibilidade de verbalizarem os efeitos que possam estar sentindo. Isso sem contar que, por terem teoricamente mais tempo de vida pela frente, apresentam um período de exposição maior.
“O excesso de medicação é um problema também na área infantil. Hoje é um pouco menos porque agora a gente se vende, teoricamente, antibióticos com receita.  Antes a mãe ia nas farmácias e comprava direto” - alerta a pediatra Maria Elizabeth Santos.
No entanto, a profissional comemora a redução da venda livre e indiscriminada com o aumento da fiscalização, embora ainda possam ocorrer casos, porém, de forma mais isolada.
“Hoje, isso é bem mais difícil, embora existam farmácias piratas”.
Desfazendo mitos
Com o objetivo de promover o uso racional, o especialista da Farmácia Artesanal, Mário Abatemarco, um dos maiores grupos de franquias de manipulação do Brasil, desfaz uma sequência de mitos:
•Toda doença requer uso de medicamento no tratamento.
•Devem sempre ser tomados com estômago cheio ou com leite.
•Os melhores locais para armazenamento são a cozinha e o banheiro e para o descarte, o vaso sanitário ou lixo da cozinha.
•Partir um comprimido é a melhor opção para ter a metade da dose.
Já na lista de verdades do farmacêutico Mário Abatemarco, destacam-se:
•O descarte inadequado afeta diretamente o meio ambiente devendo ser encaminhados para um posto de coleta.
•Prevenir é sempre o melhor remédio.