Turismo Regenerativoarte da Coluna

Mais da metade dos brasileiros (55%) estão dispostos a pagar mais caro por opções de viagens menos impactantes ao meio ambiente.  A porcentagem de latino-americanos que preferem o turismo sustentável é de 40%. Outros vão além, fazendo crescer a procura pelo chamado Turismo Regenerativo, que ainda busca deixar um legado positivo aos lugares visitados.
Duas recentes pesquisas se complementam na análise da preocupação atual do consumidor desse tipo de serviço, que deu um salto depois da pandemia da Covid-19. Viajar de forma mais sustentável mostra ser a prioridade para quatro em cada cinco brasileiros com índice de 83%, sendo a quarta nacionalidade mais engajada, atrás apenas de Quênia, Filipinas e Tailândia, e empatado com a Índia.
Economizar ou resguardar o ambiente?
O grande dilema é como conciliar o zelo ambiental e economizar num mesmo roteiro. Isso porque os fatores custo e opções mais sustentáveis nem sempre são compatíveis.
“Embora as viagens possam estar de volta, o aumento do custo de vida e a ansiedade climática levaram a uma maior demanda por opções mais econômicas e ecológicas”, afirma Glenn Fogel, CEO da plataforma de hospedagens Booking que promoveu uma sondagem sobre o comportamento atual dos viajantes.
Com o aumento dessa dualidade, enquanto quase um terço (32%) acreditam que as agressões ao planeta tendem a agravar nos próximos 6 meses, ao mesmo tempo em que 40% creem que haverá uma piora no custo de vida, deixando as pessoas sem saber o que priorizar ao tentarem conciliar comportamentos que consideram responsáveis com as demandas financeiras da vida cotidiana.
Nove em cada dez (90%) brasileiros dizem que querem viajar de forma mais sustentável nos próximos 12 meses, enquanto dois terços (67%) afirmam que a crise energética global e o aumento do custo de vida estão impactando seus planos de gastos.
“Viagens mais sustentáveis representam um investimento para o mundo, e estamos comprometidos em fazer com que fique mais fácil para todas as pessoas vivenciarem o turismo de uma forma mais consciente e responsável, não importa onde estejam em sua jornada rumo à sustentabilidade”, complementa Glenn Fogel.
A sondagem da plataforma de hospedagem tabulou informações de mais de 33 mil viajantes em 35 países, incluindo o Brasil. No recorte nacional, a pesquisa revelou que 83% dos brasileiros acreditam ser necessário agir agora para fazer escolhas mais corretas e salvar o planeta para as gerações futuras.
Crença do ecologicamente ser mais caro
Com o aumento da inflação neste segmento, muitos turistas ficam no dilema entre sustentabilidade e o orçamento. Mais da metade dos brasileiros acreditam que opções mais ambientais são, consequentemente, mais caras. Mesmo assim, 55% estão dispostos a pagar mais por opções de viagens com uma certificação verde.
No entanto, 54% cobram incentivos para suas escolhas mais responsáveis como a implementação de descontos e facilidades econômicas para opções menos impactantes. Entre eles: benefícios grátis, passeios socioambientais incluídos nos pacotes, descontos extras ou programa de pontos para quem escolhesse o caminho verde.
“Viajar pode ser uma força para o bem, e os próprios viajantes estão demonstrando ser os agentes da mudança hoje, adotando hábitos de viagem mais sustentáveis e buscando experiências responsáveis. Estamos prestando atenção e, junto com nossos parceiros do setor, estamos liderando uma mudança positiva e examinando cada parte das viagens para apoiar os viajantes e beneficiar as comunidades locais e seus entornos” - explica Glenn Fogel, CEO da Booking.com.
Mudanças Ambientais
Opções mais ecológicas podem ser levadas em consideração na hora das escolhas. Os viajantes já podem encontrar e reservar táxis menos agressivos em 95 cidades do mundo. As empresas aéreas começaram a disponibilizar índices de CO2 de seus voos diretos, conexões e escalas.
Já uma outra pesquisa específica com os viajantes latinos foca no aumento da importância do turismo ecológico após a pandemia. A sondagem revela que 10% estão efetivamente procurando experiências e maneiras de viajar que impactem menos no planeta ou reduzam ativamente o consumo de energia.
Embora a América Latina seja frequentemente anunciada como um hotspot global para viagem no segmento ecoturismo, ainda é necessário promover um maior engajamento assim como incentivos econômicos e linhas de crédito para adequar o tradicional trade ao modelo mais responsável.
“A América Latina está na vanguarda do ecoturismo e do desenvolvimento sustentável na indústria de viagens, principalmente porque a região é rica em atrações naturais que precisam de proteção”, analisa Tristen Norman, diretora de Insights Criativos da Getty Images.
Eco-friendly
Os viajantes cobram e levam em consideração o envolvimento e o comprometimento das empresas do segmento do turismo com a causa ambiental.
“Nossa pesquisa revelou que 67% acreditam que é importante que as marcas de viagens demonstrem seu compromisso com o meio ambiente e outras causas sociais. Além disso, as empresas tendem a se concentrar na manutenção da biodiversidade para visitantes internacionais, mas espera-se que continuem a tomar medidas para proteger os ecossistemas e apoiar as economias locais. É imperativo que essas reconheçam que os latino-americanos são os primeiros interessados em proteger suas comunidades, viajando localmente e exigindo alternativas sustentáveis para suas próprias regiões” – complementa Tristen Norman.
As experiências ao ar livre estão entre as atividades mais valorizadas pelos latino-americanos, com mais de 30% dizendo que preferem viajar para lugares isolados. A análise do VisualGPS aponta ainda que mais de 10% procuram ativamente por experiências eco-friendly e formas de viajar que reduzam ativamente seu consumo de energia e impacto. Ou seja, as organizações que fazem parte da cadeia do ecoturismo não podem apenas oferecer passeios sustentáveis. Elas precisam também interiorizar essa postura nos seus processos administrativos e operacionais, como: ofertas de hotéis ecologicamente corretos, veículos elétricos, apoios a projetos socioambientais das comunidades visitadas e outras experiências que incentivem e possibilitem aos viajantes a redução de suas pegadas ambientais. O novo conceito, o glamping, também está em alta. Ele combina mais conforto e glamour ao tradicional modelo acampamento.
Turismo em Debate
Justamente a adequação do setor a uma operacionalidade mais responsável vai permear as discussão que fazem parte da programação do “Quinto Congresso Estadual e Empresarial de Turismo” realizado nas próximas quinta e sexta-feira no emblemático Complexo Quitandinha, em Petrópolis, Região Serrana do Rio.
Embora presente em praticamente todas as mesas, a temática socioambiental terá fóruns específicos, como: “Turismo de Sustentabilidade”, “Turismo Regenerativo”, “Turismo Sustentável em Empresas”, “Sustenta Carnaval” e “Turismo, Diversidade e Inclusão”. As inscrições, que são gratuitas e podem ser feitas pelo link https://fcvbrj.org.br/InscricaoEvento/Registe