Fenômeno meteorológico pode chegar mais intenso e Brasil ser um dos países mais afetadosArte da Coluna

A alternância pode ser de três em três anos ou dilatar para sete em sete no período para a passagem do bastão entre os fenômenos meteorológicos batizados em espanhol. Depois da La Niña agora é a vez do "menino" impactar no clima do planeta. Como um filho prematuro, ele chegou mais cedo que o esperado e promete ser mais rebelde do que seus irmãos mais velhos.
Cientistas estimam em 56% as chances desse evento ser mais forte e 25% de atingir proporções gigantescas e bater recorde em seus efeitos, segundo a Administração Nacional de Atmosferas e Oceanos dos Estados Unidos. Esses dois eventos são fases opostas de um mesmo ciclo natural que consiste na variação da temperatura das águas superficiais do oceano Pacífico na região equatorial.
O La Niña é caracterizado pelo resfriamento dessas águas, enquanto o El Niño é marcado pelo aquecimento. Essas alterações oceânicas afetam a circulação atmosférica e, consequentemente, os padrões de chuva e temperatura em diferentes partes do mundo. Isso porque a dinâmica das massas de ar adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.

Alguns fatores podem influenciar na intensificação ou na atenuação do fenômeno, como a interação com outros sistemas climáticos regionais e globais. Ele também impacta na temporada de furacões no Atlântico e de ciclones no Pacífico na quantidade, na intensidade desses eventos assim como a dilatação de seu raio de atuação. Os ciclones eram erram raríssimos ocorrerem no Brasil, cenário que mudou nos últimos anos com alguns registros.
Efeito Humano
Um dos fatores que impactam nos Niños é a influência humana. De acordo com cientistas, as emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis, do desmatamento e da agropecuária (quando exercida de forma irresponsável) estão contribuindo para o aumento da temperatura média da Terra, o que pode alterar a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos.

O El Niño pode ser potencializado pelos níveis cada vez mais altos do aquecimento global, assim como suas consequências diretas, como o derretimento das geleiras, a elevação do nível do mar, a acidificação dos oceanos e além da destruição da camada de ozônio. Esses processos podem afetar o equilíbrio térmico e dinâmico do clima, gerando mais calor, secas, enchentes, furacões e outros desastres naturais.

Para evitar ou minimizar esses cenários catastróficos, é preciso que os países assumam compromissos efetivos para reduzir as emissões de gases poluentes e adotar medidas de adaptação às mudanças climáticas. Nesse sentido, honrarem os acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris são fundamentais para estabelecer metas e prazos para a transição para uma economia de baixo carbono.

Além disso, é necessário que os governos invistam em pesquisas científicas para monitorar e prever os fenômenos climáticos com maior precisão e antecedência. Assim, seria possível planejar ações preventivas e mitigadoras efetivas para proteger as populações mais vulneráveis aos impactos do clima.
Brasil pode ser um dos mais afetados
No Brasil, o La Niña costuma provocar chuvas acima da média no Norte e Nordeste e secas no Sul. Já o El Niño tende a causar o inverso: maiores densidades pluviométricas no Sul e estiagem no Norte e Nordeste. No Centro-Oeste e Sudeste, os efeitos variam conforme a intensidade e a duração do fenômeno.

O Brasil é um dos países que mais pode sofrer com as consequências do El Niño, pois tem uma grande extensão territorial e uma diversidade de ecossistemas que dependem das condições climáticas para se manterem. Além disso, o país tem uma matriz energética baseada em hidrelétricas, que podem ser afetadas pela variação do regime de chuvas.

Portanto, é fundamental que o país se prepare para enfrentar os desafios impostos pelo fenômeno meteorológico  e pelo aquecimento global, buscando formas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, preservar os recursos naturais, diversificar as fontes de energia e fortalecer a resiliência das comunidades.