Parada LGBTQIA+foto de divulgação

Integrantes da sigla LGBTQIA+ já enfrentam diversas formas de discriminação, imagina se além disso, a pessoa pertence a outros grupos também alvos de segregação? São os casos dos que também são pretos, pobres, com pouca instrução, deficientes...  Nessa condição se enquadram ainda os refugiados, situação por si só já muito complicada. Agora se ainda estão nas subdivisões da homossexualidade, a discriminação potencializa.

Para trazer mais visibilidade e chamar a atenção para esse segmento de estrangeiros, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) garantiu a participação dessas pessoas em eventos associados a 27ª edição da Parada do Orgulho de São Paulo.
Um dos objetivos é aproveitar a visibilidade em torno do evento para mostrar para o restante da sociedade a existência desses cidadãos e sensibilizar as empresas para a contratação, como forma de prover proteção, assegurar seus direitos e garantir meios dignos para a geração de renda e autonomia.

Empreendedorismo e diversidade
Com um olhar atento para a pauta da diversidade e das formas pelas quais pessoas refugiadas de diferentes nacionalidades, identidades de gênero e experiências de geração de renda interagem, o ACNUR promove parcerias que asseguram a presença dos refugiados LGBTQIA+ em diferentes negócios e eventos de grande repercussão.
Quatro empreendedores da República Democrática do Congo, Senegal e Venezuela apresentaram seus produtos de gastronomia, moda e artes plásticas na Feira Cultural da Diversidade LGBT+ que chegou a sua 22ª edição. Já na Parada de São Paulo, uma refugiada teve direito a fala no Trio Elétrico oficial com discurso voltado para um maior acolhimento em razão das perseguições e violação de direitos humanos em diversos países que não garantem a união ou a convivência entre pessoas do mesmo sexo.

Reconhecimento e proteção
Em maio deste ano, o ACNUR parabenizou o governo brasileiro pelo país ter adotado um procedimento simplificado para análise de pedidos de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ provenientes de países que aplicam pena de morte ou de prisão para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Na decisão, o Conare (órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública responsável pela análise dos casos) reconheceu essa população como grupo social com temor de perseguição que requer a devida proteção internacional.
“Ainda há muitas realidades de aplicação de pena de morte e prisão perpétua para pessoas em decorrência de sua orientação sexual e identidade de gênero. Precisamos acolher aqueles que estão em risco e construir melhores políticas para a população LGBT no Brasil como um todo”, afirmou Sheila de Carvalho, presidenta do Conare.

Inclusão e diálogo
Após a Parada do Orgulho LGBT+, as atenções se voltarão para duas frentes: A agência vai assinar um termo de cooperação com gestores do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ para que haja uma maior inclusão no mercado de trabalho. A outra ação é o projeto “Vamos Conversar?”, um diálogo virtual que discutirá a empregabilidade no mercado brasileiro marcado para o próximo dia 29, funcionando como uma espécie de fechamento do mês do Orgulho.

“Ninguém deveria ser forçado a deixar sua casa em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Garantir os direitos da população refugiada LGBTQIA+ de forma integral, intersetorial e solidária, envolvendo as diversas representatividades da sociedade brasileira é um passo fundamental para que as pessoas refugiadas tenham meios de exercer seus papéis a fim de alcançar o que almejam para seus futuros, contando com o apoio do ACNUR e de nossos parceiros neste processo de contínua construção e aperfeiçoamento”, disse Davide Torzilli, representante do ACNUR no Brasil.