Pesquisa sobre biocarvão realizada no Rio de Janeirofoto divulgação CSRio

Um experimento inovador realizado no Rio de Janeiro mostra que o uso de biocarvão no tratamento de pastagens para gado pode aumentar a produtividade do solo, gerar mais receita para os agricultores e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O trabalho de campo foi realizado em uma fazenda no município de Itaguaí (Região Metropolitana), com participação ativa dos produtores locais. A pesquisa buscou entender e comparar o impacto de oito insumos no cultivo de três tipos de capim forrageiro (Marandu, Paiaguás e Piatã), tipicamente usados na pecuária. Um dos insumos usados foi o biocarvão, também conhecido como biochar.

O que é biocarvão?
É um material rico em carbono obtido por um processo através da queima controlada com limitação de oxigênio de biomassa (madeira, restos de alimentos, etc.). Comparada a queimadas sem controle, a técnica reduz a emissão de gases do efeito estufa. O biocarvão é mais estável do que outros tipos de biomassa.
O carbono presente no biochar fica muito mais tempo preservado no solo, evitando sua decomposição e, consequentemente, sua emissão para a atmosfera. Por isso, o biocarvão é hoje apontado como uma das modalidades de sequestro de carbono, contribuindo diretamente para mitigar as mudanças climáticas. Sendo assim, pode entrar no mercado de créditos de carbono e beneficiar ainda mais os proprietários da terra a partir dos pagamentos por serviços ambientais.

Experimento
O biocarvão apresenta uma prática mais sustentável, porque pode emitir menos carbono para a atmosfera. Após quatro colheitas, houve aumento nos níveis de potássio nos solos que receberam o biocarvão, revelando seu potencial para recuperar pastagens degradadas, que hoje corresponde a maior parte dos 160 milhões de hectares dedicados à pecuária no Brasil.

A pesquisa analisou, ao longo de dois anos, o impacto dos diferentes insumos na qualidade do solo e na produtividade dos capins. 

"Os produtores não costumam usar potencializadores de solo, o que denota, normalmente, um pasto degradado”, explica Agnieszka Latawiec, professora do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio e Diretora de Ciência do IIS, coordenadora do estudo.

Participação dos Produtores Rurais
Os proprietários de terras estiveram envolvidos nas sucessivas etapas do estudo: pesquisa, na execução e interpretação dos resultados. Isso facilitou o intercâmbio entre cientistas e fazendeiros. O estudo foi coordenado por Agnieszka Latawiec, do IIS e do CSRio (PUC-Rio). Colaboraram ainda para a pesquisa: Embrapa Agrobiologia, Embrapa Solos, UFRRJ, UFRJ e Universidade de East Anglia (Reino Unido).