Banheiro seco em território indígena Kaxinawafoto de divulgação Biosaneamento

Atualmente temos dias para quase tudo, inclusive para o “Banheiro”. Uma incoerência porque na verdade é para chamar atenção de muitos não possuem esse cômodo da casa ou não contam com serviços de saneamento adequado. São fatores que podem causar contaminações do solo e dos lençóis d´água provocando graves doenças nos homens e animais.
Diante disso, o 19 de novembro foi instituído pelas Organizações das Nações Unidas, para conscientizar as sociedades e governos sobre a crise global neste segmento e propor ações para resolver o problema. Segundo a ONU, cerca de 4,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a serviços adequados.
Brasileiros sem Banheiros
No Brasil, a situação é preocupante. Índices mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o país possui 1,6 milhão de residências sem acesso ao banheiro. Essa carência impacta mais de cinco milhões e meio de pessoas. Já dados coletados no ano passado pela organização não governamental Trata Brasil revelam a desigualdade e falta de políticas públicas para diminuir os índices. Somente 51,2% do esgoto gerado no Brasil é tratado. Ou seja, um pouco mais da metade!
O estudo aponta ainda que cerca de 100 milhões de habitantes não têm acesso à coleta de esgoto e quase 35 milhões de brasileiros não têm água potável. Um exemplo do contraste é o estado de São Paulo, onde 43 mil pessoas vivem sem um banheiro dentro de casa.
Dentro deste cenário, a ONG Biosaneamento vem trabalhando com programas gratuitos voltados para famílias de baixa renda. Os projetos são variados e atendem a comunidades carentes urbanas e indígenas. Em um ano, a ONG já construiu redes de abastecimento, instalou banheiros com esgoto tratado e colocou biodigestores - que são usados para o tratamento de dejetos residenciais em pequenas comunidades.
Aldeias Indígenas
Em São Paulo, foi beneficiada a comunidade indígena Tekoa Pindo Mirim, instalada no território de 532 hectares no Pico do Jaraguá. Em parceria com a empresa Mosaic Fertilizantes, a ONG construiu uma cozinha com banheiro acoplado tratado com uma espécie de vermifiltro, além da instalação de um biodigestor que produz gás a partir do esgoto e lixo orgânico.

“Ocupar uma parte da área indígena é fundamental para que não seja invadida. Ao salvaguardar as terras indígenas, o Brasil reforça sua responsabilidade ambiental e social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva, sustentável e respeitosa com a diversidade que constitui a riqueza única do país”, destaca Luiz Fazio, presidente da ONG Biosaneamento.

Os estados do Rio de Janeiro e Acre também receberam projetos da ONG, impactando mais de 10 mil pessoas. Além da implantação do serviço, a ONG acompanha o pós-instalação por um ano, fazendo a manutenção e orientando os moradores.

“E pretendemos ir além desses estados. Estamos buscando a universalização do saneamento básico do Brasil. Para isso, contamos com o apoio de órgãos públicos e parcerias privadas para implementação dos projetos”, afirma o presidente da ONG, Luiz Fázio.

Entre as parcerias da Biosaneamento estão com a empresa de saneamento paulista Sabesp e a organização do terceiro setor Gerando Falcões, que busca o serviço para soluções nos projetos do Favela 3D.