Se a agropecuária não é o maior forte do território fluminense, o mesmo não se pode dizer das questões ambientais. O Rio de Janeiro é referência internacional nesse quesito. Não à toa, torna-se capital da Agroecologia ao sediar o 12º Congresso Brasileiro deste segmento, que acontece pela primeira vez no estado. Outra novidade, a versão carioca não ficará restrita a uma universidade com o desmembramento das atividades em vários eventos paralelos ocupando muitos espaços da cidade.
Paralelamente acontecem a Feira Nacional Saberes e Sabores da Agroecologia e Economia Solidária – próximo a Cinelândia, a Tenda da Saúde, Cuidado e Cura - que acontece na Escola Superior de Desenho Industrial, ESDI, a Ciranda de Arte e Cultura da Agroecologia (FACA) - no Passeio Público. O Conglomerado ainda promove atividades na Fundição Progresso, Circo Voador, Associação Cristã de Moços (ACM), o Cine Odeon entre outros.
A agroecologia é uma abordagem que busca integrar os aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos da produção, respeitando a diversidade e a sustentabilidade. Segundo Fernanda Savicki, presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), o tema envolve a transformação social ampla, que reverbera no enfrentamento à fome, acesso à terra e territórios, direitos humanos e combate ao racismo e machismo, justiça ambiental, saúde, ciência, cultura e demais temas que se tramam na superação das crises sanitárias, climáticas e políticas atuais.
"São temas que se tramam na superação das crises sanitárias, climáticas e políticas atuais, que são profunda e essencialmente ecológicas e trilham a construção de sistemas agroalimentares agroecológicos e na transformação social”, explica.
Eixos Temáticos O CBA 2023 abordará 16 pontos básicos contando com mais de 3 mil trabalhos submetidos, representando uma riqueza de ideias e conhecimento. Outra novidade que a versão carioca traz é que pela primeira vez não ficará restrito a uma universidade, com o desmembramento das ações em vários pontos paralelos ocupando muitos espaços da cidade.
O encontro ainda promove a inovação na agricultura com o "Terreiro de Inovações Camponesas", onde serão compartilhados conhecimentos e experiências. Além disso, nos “Barracões de Saberes” haverá apresentações de atividades, a exposição de uma Muvuca de Sementes (uma mistura de sementes nativas e crioulas), e o Memorial dos Encantados, um ambiente para homenagear pessoas que atuaram pela agroecologia e morreram recentemente.
Comissão de Alimentação Este segmento fornece refeições baseadas em alimentos naturais. A diversidade é impressionante. São 18.000 kg entre os mais de 50 diferentes tipos de alimentos cultivados por familiares da região metropolitana do Rio. A equipe da cozinha, com mais de 40 pessoas trabalhando diariamente. Além disso, 32 barracas de grupos e empreendimentos solidários presentes nas Comedorias, e a Feira Saberes e Sabores com a participação de 260 feirantes.
A Feira Nacional Saberes/Sabores é outra das atrações reunindo cerca de 300 agricultoras/es, povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais, com destaque para as diversas produções do estado do Rio de Janeiro e para as articulações das redes de agricultura urbana do Sudeste.
O objetivo é comercializar produções nacionais em um espaço diverso, combinando alimentos e artesanatos que representam a diversidade no Brasil, proporcionando geração de renda, reconhecimento de tradições alimentares e oportunidades concretas de diálogos entre campos e cidades. Além de favorecer a economia solidária, será também um ambiente de ricas trocas com uma programação que inclui atividades de saúde e bem-estar de participantes, oferecendo terapias coletivas, individuais, reconhecimento de plantas medicinais e oficinas na Tenda da Saúde, Cuidado e Cura.
Para a presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Fernanda Savicki, o congresso é um convite à participação da sociedade:
“É um momento de culminância de um trabalho que se iniciou lá no início de 2022. E queremos compartilhar todos os anúncios em forma de sabores, conhecimentos, alegrias, políticas públicas, arte, cultura, tecnologias com toda a população. O CBA é construído por todas as pessoas que se inscrevem e vêm, mas também é aberto para toda a sociedade que queira conhecer o que há de novo e pulsante acerca do conhecimento agroecológico em todo o país”, reforça Fernanda Savicki.
O encontro é uma parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Embrapa Agrobiologia, o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), a Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ) e a Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU).
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