Dia Mundial do Meio Ambientefoto divulgação

Os efeitos das mudanças climáticas batem à nossa porta todos os dias para lembrar até aos negacionistas de que precisamos urgentemente reverter a situação. Por mais que as principais causas sejam conhecidas e apontadas, pouco é feito no campo da responsabilização e do corte de financiamentos para práticas danosas. São partes do contexto que precisam vir à tona.
A continuidade de financiamento para investimentos em ações impactantes é um dos grandes entraves para redução dos impactos. Precisa-se urgentemente de uma reconfiguração do modelo econômico e reavaliação dos fomentos, em grande parte pelo próprio poder público diretamente ou através de renúncias fiscais.
Alerta da ONU
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) revela que US$7 trilhões são investidos anualmente em atividades que trazem impacto negativo à natureza, como o contínuo subsídio aos combustíveis fósseis e práticas agrícolas insustentáveis que podem levar ao empobrecimento do solo.
A agência da ONU para o Meio Ambiente denuncia esse quadro no relatório ‘Estado das Finanças para a Natureza’ contabilizando que esse montante representa 7% do PIB mundial somente em subsídios governamentais e investimentos privados em atividades agressivas à natureza.
Em contrapartida, o financiamento do setor público e privado para soluções baseadas na natureza é de apenas US$200 bilhões por ano.
“Os investimentos anuais negativos para a natureza são mais de 30 vezes superiores aos para soluções baseadas na natureza, que colaboram para a manutenção do funcionamento dos ecossistemas e estabilidade climática. Para termos alguma chance de atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), esses números devem ser revertidos”, alerta Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
Recuperação Urgente
A meta da ONU é reverter a degradação de 40% dos solos mundiais até 2030. Para cumprir esta e outras metas, incluindo equilíbrio do clima, conservação da biodiversidade e restauração de ecossistemas, o investimento em soluções baseadas na natureza precisa ser triplicado até 2030 e quadruplicar até 2050, conforme relatório da PNUMA.
“Pensar em soluções que simplesmente reduzam os impactos negativos não é mais aceitável. É preciso criar caminhos e tecnologias que garantam a regeneração daquilo que já foi perdido, seguindo um dos preceitos mais importantes da Economia Circular”, reforça Edson Grandisoli, biólogo e coordenador pedagógico do Movimento Circular.
Entre as soluções: recuperação da qualidade da terra, incentivo a produção agroflorestal e a adoção de uma forma circular de produzir. Outras soluções mencionadas incluem a adubação verde e a compostagem comunitária, que envolvem uso de material orgânico para recuperar a fertilidade do solo. Tem ainda a  rotação de culturas e a biorremediação - uso de microrganismos ou plantas para limpar ou descontaminar áreas ambientais afetadas por poluentes.
“Todas essas atividades podem impulsionar a economia local e criar empregos”, reforça Grandisoli.
Fato é que o modelo de economia linear, onde se produz a partir da extração crescente e alto desperdício de recursos, empobrece o solo e é um fator direto de alterações climáticas.