Degradação do Solofoto de divulgação Embrapa

Os impactos das mudanças climáticas, práticas agrícolas danosas, queimadas e desmatamentos são vulnerabilidades a serem discutidas e refletidas no Dia Nacional de Conservação do Solo. A data foi instituída em 1989 em homenagem ao americano Hugh Hammond Bennett, considerado o pai da conservação nos Estados Unidos, além de uma referência para muitos outros países.

De acordo com o relatório da FAO (Food and Agriculture Organization), com participação de pesquisadores da Embrapa Solos, com sede no Rio de Janeiro, 33% desses ambientes do mundo estão degradados por erosão, salinização, compactação, acidificação e contaminação. Ainda são registradas práticas agressivas, como: deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou enterramento de substâncias e produtos poluentes nos solos e subsolos. Essas incidências precisam ser eliminadas urgentemente.
Pesquisadores no Jardim Botânico
Para marcar a data, a Embrapa Solos promove na sede do Jardim Botânico um seminário para discutir a relação das pastagens com os solos reunindo cientistas e especialistas. 
"O dia 15 de abril nos lembra a importância do solo frente aos desafios de ampliarmos o uso e manejo conservacionista desse recurso, fundamental para atingirmos a sustentabilidade da agricultura brasileira. Este evento marca o início do ciclo de seminários técnicos que a Embrapa Solos promoverá em 2024", define Ana Paula Turetta, chefe adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento.

Mudanças Climática
Essas alterações ambientais e meteorológicas também afetam direta e indiretamente na degradação do solo, cuja qualidade é impactada por fatores como ondas de calor, secas, inundações, geadas, salinizações, desertificações, entre outras. A ação humana resulta em impactantes como: chuvas ácidas, desertificações e poluição dos lençóis freáticos. São variantes que influenciam diretamente no empobrecimento do ambiente. No caso específico do Brasil, ainda é alta a incidência de erosão, esgotamento de nutrientes, perda de fertilidade e contaminação.
A manutenção da sustentabilidade  do solo deve ser pensada em conjunto com a redução do desmatamento e das queimadas, além da restauração de ecossistemas, como florestas, manguezais e restingas, incluindo ainda o equilíbrio entre a produção de alimentos e a conservação da natureza.

“A conservação do solo é essencial para a adaptação às mudanças climáticas. Quanto mais preservado ele está, mais equilibrado ficam os ecossistemas. A superfície em boas condições mantém a vegetação, a fauna e o equilíbrio tanto do ecossistema natural quanto do antropizado (modificado pelo ser humano). Se o solo está bem protegido, a vegetação natural que ocorre ali continua fazendo suas funções, permitindo que as diferentes formas de vida se desenvolvam naquele lugar”, explica André Ferretti, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN)

Impactos da Agropecuária
Apesar da primeira política oficial de conservação dos solos no Brasil ter sido implantada em 1949, ainda são constatados casos de condutas inadequadas, como o desmatamentos para plantações e pastos, assim como práticas de manejo inconsequentes. Muitos cultivos ainda estão longe de alcançar um equilíbrio sustentável, retirando nutrientes da terra sem a devida reposição ou desrespeitando o tempo natural de regeneração do ambiente.

Isso sem falar nas queimadas intencionais para a destruição da vegetação original, prática que reduz drasticamente a qualidade do solo. Num círculo vicioso, para suprir esse empobrecimento provocado é preciso aumentar a quantidade de fertilizantes químicos, gerando mais poluição do solo e lençóis freáticos. Isso sem falar nos impactos dos agrotóxicos!
O empobrecimento do solo pode ocorrer pela aplicação inadequada de diferentes práticas agrícolas. “Irrigação e manejo do solo precisam ser feitos de maneira correta. A adubação não pode ser excessiva, não deve haver uso abusivo de máquinas que compactam o solo. Os animais também devem ser manejados de acordo com a capacidade de suporte do solo”, afirma Ferretti.