Venda de imóveis de Médio e Alto Padrão teve crescimento de 67,8% em 2022Freepik
Na avaliação de Luiz França, presidente da Abrainc, para que o setor siga neste mesmo ritmo de crescimento em 2023 é importante que o Banco Central realize medidas regulatórias para aumentar a oferta de crédito imobiliário disponível. “Uma possível medida seria o aumento no percentual de recursos da poupança, que é direcionado obrigatoriamente ao crédito imobiliário, dos atuais 65% para 70%. Também é possível avaliar alternativas de estimulo ao financiamento habitacional, como a redução dos juros de credito imobiliário no IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física”, observa França.
Já no Rio de Janeiro, o total vendido no ano passado foi de 16.867 unidades, avanço de 19% ante aos 14.006 imóveis comercializados em 2021 e acima também da média nacional, de acordo com Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário). “Nossa expectativa é a de mais lançamentos em 2023, com mais participação do segmento econômico, onde está o maior déficit habitacional, e vendas crescendo. As perspectivas são boas, levando em conta que o Rio cresceu acima da média nacional em 2022 e apresenta um cenário saudável em termos de estoque”, prevê Saceanu.
Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro), avalia que o comportamento do mercado em 2022 foi muito semelhante ao de 2021, ou seja, puxado pelos imóveis de alto padrão, aqueles acima de R$ 1,5 milhão. “Certamente, o ano de 2022 terminou muito melhor do que o mercado imobiliário esperava, tendo em vista o terceiro trimestre bastante impactado pela questão eleitoral. Infelizmente, vimos mais uma vez uma queda no volume de imóvel do segmento econômico Minha Casa, Minha Vida ou Casa Verde e Amarela, o que é um contra senso em um país de um dos maiores deficits habitacionais do planeta”, ressalta Hermolin.
Para ele, o resultado de 2023 vai depender muito de como será a política de juros. “É um ano importante para o desenvolvimento do nosso setor. Apesar de termos alcançado números expressivos na concessão de crédito em 2022, ficamos abaixo dos de 2021. Medidas são importantes para estimular o crédito ao setor, não somente na compra de imóveis, mas também para produção”, destaca o presidente do Sinduscon-Rio.
Marcelo Moura, presidente do Creci-RJ (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), comenta que os indicadores corroboram a versatilidade do mercado imobiliário, que desde a pandemia vem demonstrando crescimento. “Invariavelmente percebemos mudanças em um ano ou outro, seja com imóveis de menor valor ou alto padrão, mas sempre em crescimento. Acreditamos que em 2023 iremos manter o mesmo ritmo de vendas, especialmente devido à retomada da Faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, trazendo um público de menor renda para aquisição de imóveis”, analisa Moura.
O executivo diz ainda que, um dos fatores principais para que o mercado imobiliário possa continuar se fortalecendo, é a adoção de medidas fiscais para diminuir os gastos públicos. “O Banco Central deve refletir sobre as nossas políticas, diminuindo a taxa de juros para uma consequente melhora do crédito imobiliário. O governo também tem a possibilidade de utilizar a Caixa como freio dos juros do financiamento, oferecendo taxas mais atrativas para a população no crédito imobiliário. É dessa maneira que conseguimos diminuir a taxa junto aos outros bancos. Esse apoio da Caixa é fundamental”, diz o presidente do Creci-RJ.
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