Nos últimos 12 meses, cerca de 145 mil unidades estiveram disponíveis para aluguel, de acordo com o Secovi RioFreepik

A locação residencial é a grande protagonista de 2023. Na opinião de especialistas, a alta da Selic (taxa básica de juros), as incertezas políticas e econômicas desde o fim de 2022, além da consequente alta das taxas do crédito imobiliário, desfavoreceram o segmento de compra e venda que, até então, demonstrava um crescimento nos últimos anos. Segundo dados do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), há uma demanda maior que a oferta, o que indica um cenário favorável de valorização do metro quadrado (m²) dos imóveis para aluguel na cidade do Rio.
De acordo com o levantamento, em setembro, o valor médio do m² residencial ofertado para locação na cidade chegou a R$ 40,15, uma valorização de 30% quando comparado com o mesmo período do ano passado (R$ 31,06). Nos últimos 12 meses, cerca de 145 mil unidades estiveram disponíveis para alugar, com destaque para os bairros de Ipanema e Leblon, onde a alta ultrapassou 50%. “Toda essa valorização se reflete na lei da oferta e demanda: se tem muita gente querendo o aluguel, eu vou valorizar o meu imóvel. Já na compra e venda, nossos dados demonstram um comportamento de forma estabilizada, com o m² estável ou até mesmo com uma pequena queda. As pessoas estão receosas e preferindo esperar pra ver como vão ficar a economia e a taxa de juros antes da decisão de compra”, analisa Maurício Eiras, coordenador estatístico do Secovi Rio.
Darlan Carlos de Souza, diretor do Creci-RJ (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), concorda que a alta da taxa Selic colocou a compra e venda em um momento delicado de juro elevado e restrição de crédito, o que influenciou a demanda pelo aluguel. “Percebo esse movimento de alta da locação desde o fim do ano passado. Só este ano, já concretizei mais de 30 locações e estou sem imóvel para atender. Em termos percentuais podemos citar um aumento de 30%. O mercado hoje enfrenta uma escassez de mercadoria incrível, pois a demanda está muito superior à oferta. Estou com uma carteira para aluguéis que está praticamente zerada”, afirma Souza.
Para Edison Parente, vice-presidente da Administradora Renascença, essa carência acaba prejudicando o mercado. “O nosso estoque, por exemplo, que no ano passado chegava a 1 mil unidades, a maioria residencial, hoje está 30% abaixo. E a quantidade de locações reduziu pelo menos 10%. Ou seja, falta imóvel e sobra inquilino ou então o locatário não encontra a unidade ideal. E o reflexo disso é uma alta nos preços”, destaca Parente.
Segundo o executivo, a Renascença percebeu um estoque menor em locais como Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá, Leopoldina e Ilha do Governador. “Já a Zona Sul continua ofertada porque é uma região verticalizada e tem muita unidade ainda. A nossa previsão é que esse cenário só mudará daqui a dois anos com a entrega de novos prédios e a chegada de novos investidores interessados na locação”, analisa Parente.