Pedro Duarte. Vereador (Novo)Divulgação

A Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense foram afetadas por chuvas intensas no último dia 13/01, deixando 12 mortos, vários desaparecidos e muitas famílias com perda total dos seus pertences nas enchentes. Essa situação, infelizmente, tem sido comum no verão, com tragédias recorrentes nessa estação do ano.
O que tem sido feito para contornar esse episódio esperado? Qual o plano para que isso não ocorra novamente? Muitos são os questionamentos, mas não há dúvidas quanto a uma das principais soluções para esse contexto: as cidades da Região Metropolitana do Rio precisam se tornar, urgentemente, Cidades Esponja.
Cidade Esponja foi um conceito criado pelo arquiteto chinês Kongjian Yu e tem a ver com a forma como lidamos com a circulação das águas nas grandes cidades. Para ele, tratamos de forma errada o problema, criando infraestruturas para que a água saia imediatamente da vida urbana e seja jogada rapidamente nos rios. A solução, então, passaria por criar um sistema circular para filtrar essa água adequadamente - que seja absorvida pelo solo e depois reaproveitada em atividades cotidianas.
A aplicação desse conceito, em síntese, altera por completo a dinâmica das cidades, com incentivos massivos a áreas verdes e em espaços integrados, que absorvam a água da forma correta. Isso pode ser feito a partir de variadas soluções criativas, como parques alagáveis, telhados verdes, calçamentos permeáveis e praças-piscinas. Um exemplo já em prática é o “piscinão” da Praça da Bandeira, que tem capacidade de 18 milhões de litros.
No fim das contas, o objetivo é reinventar o gerenciamento das águas pluviais, mantendo a biodiversidade local e dando novo uso aos espaços públicos da cidade. Esse modelo já vem sendo aplicado em diferentes cidades pelo mundo, em especial em Wuhan, na China e em Roterdã, na Holanda.
Por aqui, a discussão ainda caminha a passos lentos, sendo pouco debatido no espaço público. Isso precisa mudar! Que possamos organizar, como pauta prioritária, um plano integrado de adaptação climática, com enfoque na questão das enchentes, com medidas a serem adotadas a curto, médio e longo prazo. E que a ideia de cidade esponja esteja no centro dessa proposta, como um direcionamento imprescindível para tratarmos esse desafio de maneira mais inteligente.