Pedro Duarte. Vereador (Novo)Divulgação


Com cerca de 2,4 milhões de habitantes, a Zona Norte do Rio é o coração do subúrbio, semeando cultura e tradição. Mas, apesar de ser uma região em destaque, bem servida de infraestrutura urbana e de transportes, sofre com um esvaziamento há anos. Não à toa, segundo dados do Censo, Tijuca, Vila Isabel e Penha são os três bairros que sofreram o maior êxodo de moradores da cidade entre 2010 e 2022.
Motivos para esse contexto não faltam. A crise econômica do Rio impactou o bolso dos cariocas, fazendo com que os moradores da Zona Norte optassem por moradias mais baratas, sobretudo na Zona Oeste. Além disso, a oferta incessante de novos imóveis para a classe média alta, em bairros como Barra e Jacarepaguá, fez com que muitos moradores dessa região decidissem se mudar. E precisamos mencionar a influência do poder paralelo, que ocupa, cada vez mais, uma fatia considerável desse território, impedindo a adoção de políticas públicas efetivas. O resultado é uma área em declínio.
Os dados são alarmantes: a violência da região é extrema, concentrando, em maio de 2024, o maior número de pessoas baleadas (36%) e de tiroteios (115) em toda a Região Metropolitana, segundo relatório do Instituto Fogo Cruzado. Falta também melhor zeladoria das ruas e um tratamento eficiente do saneamento básico em locais estratégicos, como no Rio Faria Timbó. Sem falar no altíssimo déficit arbóreo, que faz com que Madureira seja o bairro mais quente do Rio.
Diante desse cenário preocupante, o que pode ser feito? Para salvar a Zona Norte, acredito que devamos seguir, inicialmente, três diretrizes: planejamento urbano, combate à insegurança e geração de oportunidades.
É preciso, então, continuar repensando o planejamento urbano da área, para que a oferta de moradias cresça e se torne competitiva novamente. O primeiro passo já foi dado a partir do novo Plano Diretor, que aperfeiçoou os parâmetros de construção para promover o adensamento da região. É importante que esse adensamento seja feito de maneira estratégica, sobretudo perto dos transportes de alta capacidade, como nas proximidades da linha do trem.
De toda forma, sem uma benfeitoria da infraestrutura urbana, essa oferta continuará sendo pouco convidativa. Proponho, inspirado na teoria de acupuntura urbana de Jaime Lerner, que sejam escolhidas vias centrais dos bairros para uma recuperação imediata. Com reparos na iluminação, paisagismo e completa recuperação da infraestrutura existente, esses eixos poderão irradiar benefícios urbanos para o interior dos bairros, auxiliando no combate à insegurança.
Outro ponto é a criação de mais oportunidades. Vale ter como modelo o Compaz, que atua, em Recife, como um centro de formação educacional e desenvolvimento social. Espaços como esse, em parceria com a iniciativa privada, podem se tornar locais de formação de pessoas e de novos negócios. Iniciativa fundamental, inclusive, para inserção dos jovens no mercado de trabalho e para afastá-los do poder paralelo.
Não há soluções mágicas para esse problema complexo e que envolve muitas variáveis. De qualquer forma, como Poder Público, precisamos incluí-lo na nossa lista de prioridades. É nosso dever fazer a Região Norte pulsar com vigor novamente!