Após ficar 10 dias desaparecida ao sair de casa em Maricá, menina Sara Araújo, de 14 anos, foi localizada pela família na comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio Arquivo Pessoal

Após 10 dias de buscas, a adolescente Sara Araújo de Abreu, de 14 anos, foi localizada na comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, na noite da última terça-feira. Sara havia desaparecido, após sair de casa, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, em sua bicicleta, portando mochilas, malas e sua gatinha de estimação.
Com apoio de policiais militares, familiares localizaram Sara após denúncias anônimas, já que ela não portava aparelho celular. De acordo com testemunhas, a menina foi encontrada em uma casa conjugada e de pequeno porte na comunidade, na companhia de uma jovem de 18 anos suspeita de aliciar outras meninas à prostituição e uso de drogas.
Segundo familiares, a mulher suspeita de aliciamento foi encaminhada à 32ª DP (Taquara) e liberada após prestar depoimento. A polícia ouviu as testemunhas e vai monitorar o caso, já que, apensar dos indícios, precisa reunir elementos comprobatórios para dar sequência às investigações. Conforme a família, Sara, que faz tratamento psiquiátrico, não apresentava sinais de violência. Ela será acompanhada pelo Conselho Tutelar e recebe apoio do Conselho Municipal de Direitos da Criança e dos Adolescente (CMDCA) de Maricá.  
‘O que importa é ter a minha filha viva. Será um recomeço’
Aliviada, a dona de casa Silvana de Araújo Carvalho, de 41 anos, lembrou da agonia vivida nos 10 dias de buscas e comemorou poder ter a filha de volta e a oportunidade de um recomeço. “Tudo foi levado às autoridades para ser esclarecido. Não queremos prejudicar ninguém, tampouco fazer acusações levianas. Mas muitas mães podem estar chorando à procura de suas filhas, na mesma situação, e não têm um final feliz. Agora, o que importa é ter a minha filha viva! Vamos retornar o tratamento. Será um recomeço. Obrigado a todos que nos ajudaram!”, disse, chorando, a dona de casa.

Em 2023, Estado registra 1,5 mil casos de desaparecimentos, sendo 30% referentes a sumiços de adolescentes entre 12 e 17 anos
De acordo com dados do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o desaparecimentos de adolescentes, entre 12 e 17 anos, correspondem a cerca de 30% dos casos registrados. De janeiro a março desde ano, foram contabilizados 1.585 desaparecimentos no Estado, conforme dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Maior número de casos ocorreu na Baixada Fluminense, com 441 sumiços no mesmo período.
Adolescência: inexperiência e aliciamentos pelas redes sociais elevam os riscos das ‘aventuras’, dizem especialistas
Aventuras envolvendo adolescentes são comuns, contudo, a inexperiência faz elevar os iminentes riscos, sobretudo, quando são aliciados, por estranhos em redes sociais. Portanto, o imaginário da aventura sucedida e o ‘prazer’ momentâneo pela ausência da ‘lei’, representada pelos pais, colocam os adolescentes em um limbo, entre o lazer e a tragédia, conforme, explicam os especialistas.
“Quando o imaginário ganha forma, os adolescentes não medem as consequências e preferem a aventura. Nesses casos, os pais devem ficar sob alerta, sobretudo, quando os filhos ficam muito tempo na Internet ou introspectivos. O diálogo sempre é a melhor forma de prevenção para essas aventuras e desaparecimentos”, alerta Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da Fundação para Infância e Adolescência (FIA).
‘É preciso estar atento aos sinais’
Para a psicóloga Alessandra Alves Soares, a adolescência é uma fase de transição, novas descobertas, mudanças físicas e emocionais, que precisa de acompanhamento e diálogo.
“Talvez seja mais difícil para os pais lidarem com essa fase que o próprio adolescente. É um período em que o convite para desfazer velhos conceitos e rever posturas seja bastante contundente. Nem toda família está preparada para isso. Manter o canal de diálogo aberto, a escuta apurada são caminhos interessantes para evitar o distanciamento e a ruptura da relação. O adolescente sempre emite sinal quando algum incômodo está ocorrendo. É preciso estar atento a esses sinais”, explica a psicóloga, que orienta a pais e responsáveis a procurarem apoio às instituições públicas e particulares que oferecem auxílio psicossocial.