Rio - Já aconteceu com milhares de cantores de música sertaneja ou de axé: chegar a uma cidade, Santo André por exemplo, e agradecer “Obrigado, São Bernardo do Campo!” Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath — que inicia turnê nesta quarta no Brasil e passa pela Praça da Apoteose, aqui no Rio, no domingo — e homem com histórico de excessos, não poderia cometer um erro geográfico qualquer. Tinha que ser ‘o’ erro. No último domingo, praticamente vestiu uma bandeira brasileira durante a execução do hit ‘Dirty Women’ num show da banda na...
Argentina, país que é eterno rival do Brasil no futebol.
“Alguém jogou uma bandeira do Peru no palco, nem lembro de ter uma bandeira brasileira lá”,
disfarçou o baixista Geezer Butler, durante a coletiva da banda nesta terça, no Hotel
Fasano, em Ipanema. Ozzy, com cara de “eu fiz isso?”, foi mais direto: “Foi um acidente.
Muitas vezes nem sei em que país estou. O fã jogou uma bandeira no palco e eu resolvi
pegá-la. Bom, foi um erro mundial!”, afirmou, rindo. A mancada do cantor rendeu algumas
vaias e uma notícia no periódico argentino ‘Clarín’.
Quarenta e três anos após a estreia com o álbum ‘Black Sabbath’, a rotina do trio Geezer,
Ozzy e Tony Iommi (guitarra) é bem mais saudável. O guitarrista do grupo britânico, que está
se tratando de um linfoma, toma evidentes cuidados com a saúde e não foi à entrevista
coletiva (a produção alegou que ele “passara mal”, sem mais detalhes).
“Na época, era sexo, drogas e rock’n roll. Hoje é chá, Coca-Cola e voltar para o quarto após
o show”, diz Geezer. “A grande diferença é que estávamos drogados e hoje, não”, conta Ozzy.
As drogas comeram boa parte das lembranças do vocalista sobre um dos melhores discos da
banda, ‘Sabbath Bloody Sabbath’, que completa 40 anos — e cujas músicas foram ignoradas no
atual set list. “Quarenta anos? Isso tudo?”, indaga Ozzy, virando-se para Geezer. “Minhas
memórias são de muitas drogas e só. Minha melhor experiência no Black Sabbath foi saber
sobre o LSD. A pior foi tomá-lo”, brinca.
O Sabbath lança em 26 de novembro ‘Live... Gathered in Their Masses’, DVD gravado logo no
começo da tour de 2013, em 29 de abril e 1º de maio, na Austrália. Mas a razão de existir da
turnê é o novo álbum de inéditas, ‘13’, produzido pelo barbudão mal-encarado Rick Rubin, que
já trabalhou com grupos como Slayer e System of a Down.
“Ele é amigo do Ozzy e já havia falado que, caso voltássemos, ele queria produzir. Foi
natural”, lembra o baixista. “Fizemos como no começo da carreira, com músicas a partir de
gravações ao vivo”.
No repertório, pintam, além de hits como ‘Black Sabbath’, ‘Iron Man’, ‘Paranoid’ e ‘Children
of The Grave’, novidades como ‘End of The Beggining’ e ‘God is Dead?’. Esta traz
questionamentos sobre a existência de Deus e vem deixando cristãos de cabelo em pé. “Normal.
Não seríamos o Black Sabbath se não tivéssemos problemas com a igreja”, diverte-se Ozzy.
Apesar do novo giro da banda se chamar ‘Reunion Tour’, não é bem isso. O grupo segue perneta
sem o baterista original, Bill Ward, que não concordou com o valor oferecido a ele para
voltar com o Sabbath. Ozzy declarou recentemente que o músico está “acima do peso” e
apresentava problemas de memória, que o levavam a grudar post-its no kit de bateria. Ao
Brasil, quem vem na batera é Tommy Clufetos, da banda de Ozzy (Adam Wakeman, filho do
tecladista Rick Wakeman, toca teclados e guitarra nos shows).
“Fico bastante triste por Bill Ward não estar aqui com a gente, mas precisávamos continuar e
fazer nossas coisas”, explica Ozzy. O vocalista não arrisca afirmar se o grupo vai dar uma
de Paul McCartney e voltar mais vezes ao Brasil. “Depende da saúde do Tony Iommi. Estamos
cruzando os dedos para que dê tudo certo”.
PREPARE-SE PARA O SHOW
Os reis do heavy metal estão aí! O pontapé inicial da turnê do Black Sabbath no Brasil é
hoje, em Porto Alegre, no Estacionamento da Fiergs. O grupo segue depois para o Campo de
Marte, em São Paulo, na sexta, e, no domingo, traz o circo para a Praça da Apoteose, no Rio.
Em Belo Horizonte, apresenta seus grandes sucessos na terça, na Esplanada do Mineirão.