Rio É inevitável ouvir o disco póstumo do grupo Charlie Brown Jr em busca de sinais premonitórios de que ‘La família 013’ — CD de inéditas finalizado pouco antes da morte de Chorão, em março — estava destinado a ser o canto de cisne da banda formada em Santos (SP) em 1992.
O suicídio do baixista Champignon, há um mês, contribui para alimentar essa visão trágica sobre o CD, posto esta semana nas lojas em edição da gravadora Som Livre.
Sinais à parte, o fato é que, por mais que abra com rock intitulado ‘Um dia a gente se encontra’, o disco soa como sequência natural da obra do grupo. ‘La família 013’ é CD fiel à sonoridade do grupo, calcada em mistura de rock, reggae e rap. Se existe alguma mudança, é em relação ao discurso de Chorão, ora mais ameno, às vezes sentimental, como na já conhecida balada ‘Meu novo mundo’.
Os ritmos das 13 músicas variam, mas o tom positivista é a tônica do disco. Na distorcida ‘Samba triste’, que não é um samba, Chorão prega que é possível vencer a solidão. No reggae ‘Vem ser minha’, o cantor dá sua receita de bem-viver. Já no verso de outro reggae, ‘Fina arte’, Chorão exalta o próprio Charlie Brown Jr em fala autorreferente.
‘Rock star’ e ‘Cheia de vida’ são rocks de certo peso que se opõem à leveza de ‘Contrastes da vida’, boa canção de clima acústico, levada no violão. Já ‘Hoje sou eu que não te quero’ expõe a marca do baixo de Champignon. No todo, o CD ‘La família 013’ atesta a maturidade do grupo.