Rio - Notável da Velha Guarda da Portela e veterano compositor de sucessos do samba, Monarco completou oito décadas de vida em 2013. A comemoração estende-se para 2014, com show hoje, às 21h, na quadra da Portela, e lançamento de um raro CD cheio de inéditas, batizado de ‘Passado de Glória — Monarco 80 Anos’. Em meio à Copa e ao momento interessante da Portela no último Carnaval (a escola levou a terceira colocação, mas saiu com moral de campeã, ovacionada pelo público), o sambista quer mais é festa.
“Todo mundo aplaudiu a gente na Avenida Marquês de Sapucaí. Tenho a Portela como vitoriosa. Ela está atrás da Unidos da Tijuca e do Salgueiro. Com essas três na frente, o Carnaval está ótimo”, declara o compositor. “Toda vez que ando pelas ruas de Madureira e Oswaldo Cruz, as pessoas me felicitam pela escola. E em 2015 não vai ser diferente. A Portela vai ser a segunda a passar, logo depois da São Clemente.”
Ontem, Monarco estava ocupado com os ensaios, que lhe tomaram parte da manhã e da tarde. “Começamos às 11h e fomos até às 14h30, com as Pastoras e meus colegas da Velha Guarda. É um show muito esperado por todos nós”, diz o compositor. Além das músicas novas, o repertório traz clássicos gravados por sambistas como Martinho da Vila (‘Tudo Menos Amor’) e Zeca Pagodinho (‘Coração em Desalinho’).
“Não vai ter só o disco novo, porque as pessoas querem cantar as músicas antigas, né? Tem ‘Vivo Isolado do Mundo’ (gravada por Zeca) também, e muitas outras. Mas, nos buracos, colocamos as novas canções”, adianta. Entre elas, uma parceria póstuma com o escritor Mario Lago (1911-2002), ‘Poeta Apaixonado’, e ‘Momentos Emocionais’, que enaltece a escola do coração de Monarco. “Nessa música, o tema é a Portela antiga. No CD, temos a Cristina Buarque cantando”, conta ele.
‘Passado de Glória’ tem algumas participações: além de Cristina, Monarco convidou Beth Carvalho (em ‘Tristonha Saudade’), Marisa Monte (‘Estação Primaveril’) e Zeca Pagodinho (‘Verifica-se de Fato’). “Eles não confirmaram ainda se vão poder ir ao show. A Marisa Monte disse que deve dar uma passadinha por lá, o Zeca também. Vamos ver, né?”, aguarda o sambista.
No CD, há algumas raridades. “Tem samba ‘vovô’ nesse disco!", brinca. “Tem ‘Não Reclame, Pastorinha’, que é um samba bem antigo, de 1954. ‘Pobre Passarinho’ é parceria antiga minha com o saudoso Ratinho (1948-2010). E, no show, além dessas músicas, tem o ‘Hino da Portela’, que vai abrir a noite. Assim como no jogo do Brasil não tem como abrir a partida sem o ‘Hino Nacional’, nós abrimos tudo com nossa trilha sonora.”
Mauro Diniz, filho de Monarco, é o maestro da apresentação. “Não é porque é meu filho, não, mas ele é um grande maestro, muito inteligente. E tem autoridade! Ele interrompe o ensaio quando tem que interromper, corrige erros. É ótimo trabalhar com ele”, orgulha-se o veterano.
E a combinação samba e futebol tem vigorado na Portela, graças à Copa do Mundo. Monarco aproveita o papo para convidar a todos para assistir aos jogos na quadra da Azul e Branca. “Ela está toda enfeitada e os portelenses vão para lá sempre assistir aos jogos. A Portela está toda vestida de verde e amarelo”, garante.