Por tabata.uchoa
Foi bairro pobre%2C depois remediado%2C depois pobre novamente%2C antro de bandidos%2C depois de intelectuaisAgência O Dia

Rio - Prosseguindo com a série de verbetes afetivos sobre o Rio de Janeiro, hoje com a letra L:

Lamartine Babo — Tão carioca, que escreveu o hino de todos os times do Rio de Janeiro, aqueles que até hoje repetimos nos estádios ou nos botecos. Tão carioca, que compôs as mais lindas marchinhas para os Carnavais da cidade. O sorriso franco e o bigodinho insinuante não negavam: ele fez de tudo um muito, e sempre muito bem feito, pra lá e pra cá, trá­lá­lá, seu Lalá. O rei das marchas, do teatro de revista e das canções carnavalescas nasceu em 1904 neste Rio que ele cantou como ninguém, e morreu em 1964.

Além de compositor, foi revistógrafo, humorista, radialista, produtor, um moleque indigesto de olho nas lindas morenas, subiu, desceu, compôs e cantou até para inglês, sem jamais perder o rebolado.

Lan — Um dos mais sofisticados traços da caricatura mundial, Lanfranco Aldo Ricardo Vaselli Cortellini Rossi Rossini, ou simplesmente Lan, é italiano da Toscana e nasceu em 1925 (comemora­se, este ano, os seus noventinhas!). Desde 1952 mora no Brasil, onde chegou para trabalhar no diário ‘Ultima Hora’, então do jornalista Samuel Wainer. Passou por quase todos os grandes órgãos de imprensa e marcou presença durante muitos anos na página de opinião do ‘Jornal do Brasil’. Lan, a quem o humor deve muito, é colaborador de ‘O Globo’ e uma das figuras mais queridas no mundo do samba, da boemia, do humor, da troça e do traço cariocas.

Lapa — Bairro boêmio por excelência, vocação e tradição, o pedaço do Rio de Janeiro que esparrama da Cinelândia até as virilhas do Estácio traz a história da cidade em cada uma de suas quatro letras (como diz o samba do Herivelto Martins: “O bairro das quatro letras, até um rei conheceu/Onde tanto malandro viveu, onde tanto valente morreu”). Foi bairro pobre, depois remediado, depois pobre novamente, antro de bandidos, depois de intelectuais, depois de malandros, novamente de intelectuais e boêmios. Hoje, é reduto de todas as tribos, com a vida noturna mais intensa, musical e festeira do Rio. Diz ainda a bela evocação de Herivelto: A Lapa está voltando a ser a Lapa/A Lapa, Confirmando a tradição...”

Lima Barreto — Em suas crônicas para jornais (‘Jornal do Commercio’, ‘Correio da Manhã’ e ‘Gazeta da Tarde’) e romances que só muito mais tarde fizeram sucesso (‘Recordações do Escrivão Isaías Caminha’, ‘O Triste Fim de Policarpo Quaresma’, ‘Clara dos Anjos’ e tantos, tantos outros) o Rio de Janeiro era preto, pobre, frequentava os becos e bares e até os hospícios, o coração pulsava na Lapa e nas travessas do Centro da cidade. Afonso Henriques de Lima Barreto, um carioca de quem os cariocas deveriam sentir muito orgulho, nasceu no século 19 (1881) e viveu intensamente os primeiros anos do século 20, até sua morte em 1922.

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