Por daniela.lima

Rio - Ao olhar para o passado, Marivaldo dos Santos — um soteropolitano de 42 anos e torcedor fanático do Esporte Clube Bahia — pensa no quanto por pouco, por muito pouco mesmo, não deixou de integrar um dos espetáculos musicais mais bem-sucedidos do mundo. Essa memória o acompanha mesmo hoje, quando já é um integrante fixo do grupo inglês Stomp há 19 anos e se prepara para passar pelo Rio de Janeiro pela quarta vez — a montagem poderá ser vista de hoje até domingo no Teatro Bradesco, na Barra da Tijuca. Ele se lembra bem do quanto passou perto de se sabotar. 

O grupo é composto por quatro equipes%3A duas são fixas%2C baseadas em Londres e Nova York%2C e outras duas se dividem em turnês internacionaisDivulgação


“Olha, sendo bem sincero, eu não queria ir àquele teste. Era 1996 e eu já vivia nos Estados Unidos há quatro anos. Fui morar lá para acompanhar minha irmã, que é coreógrafa e já trabalhava na cidade. Depois de alguns meses, comecei a tocar percussão e acompanhar artistas bastante prestigiados, como Sting e Lauryn Hill. Isso fez com que eu viajasse muito pelos Estados Unidos, algo que, depois de um tempo, eu não queria mais. Tinha vontade de me estabelecer em Nova York e parar de rodar por aí. E, por mais estranho que pareça, foi nesse momento que soube da audição para o Stomp. Quando me disseram que o grupo viajava muito pelo mundo, o que faria com que eu tivesse que passar muito tempo fora, resolvi desistir, mas mudei de ideia a poucos minutos do início da seleção. Para minha surpresa, acabei aprovado e estou com eles até hoje”, relembra Marivaldo.

Um dos espetáculos mais longevos da indústria do entretenimento — sempre apresentando uma combinação de percussão, movimentos vigorosos, uma dose de comédia visual e tendo como marca registrada a utilização de objetos do cotidiano, como latas de lixo, vassouras e carrinhos de supermercado —, o Stomp foi criado em Brighton, na Inglaterra, durante o verão de 1991, como resultado de uma colaboração de dez anos que já existia entre os criadores Luke Cresswell e Steve McNicholas.

Atualmente, o grupo é composto por quatro equipes: duas são fixas — baseadas em Londres e Nova York — e outras duas se dividem em turnês internacionais. Cada formação do Stomp é constituída por pelo menos 30 integrantes. No entanto, apenas oito intérpretes trabalham em cada apresentação — a ideia é que não haja desgaste entre os artistas. Com um cenário que remete a uma rua, o espetáculo não tem trilha sonora pré-gravada, todos os sons e ritmos são criados ao vivo e complementam as coreografias. Para Marivaldo, esses elementos jogam a favor tanto do elenco quanto do próprio público.

“A base da apresentação é a mesma, mas a cada noite sempre encontramos espaço para criarmos novas formas. É como se tivéssemos uma fórmula que se renova de forma constante”.

Você pode gostar