Rio - Pedro Assad Medeiros Torres é o nome dele na certidão de nascimento. Mas, nas rodas de samba, todos o conhecem como Mosquito, sobretudo na Ilha do Governador, bairro natal deste artista carioca que ora lança seu primeiro álbum pela gravadora Sony Muic.
‘Mosquito’, o disco, revela artista talentoso, com dom para compor e cantar samba. Mas não o samba pop que domina as paradas do gênero. O samba de Mosquito descende da linhagem nobre da turma projetada na década de 1980 na quadra do Cacique de Ramos. Basta ouvir o partido alto ‘Vou ver Juliana’ (Mosquito e Tinho Brito) e ‘Ô sorte’ (Mosquito, Tinho Brito e Márcio Claro) — samba propagado na trilha sonora da novela ‘Babilônia’ — para identificar a boa procedência do samba de Mosquito.
A evocação da figura de Zeca Pagodinho é inevitável. Inclusive pelo jeito franzino de Mosquito. Pois Zeca não somente admira Mosquito como avaliza o álbum produzido por Max Pierre, participando do samba ‘Atalho’ (Jorge Aragão, Cleber Augusto e Djalma Falcão), lançado em 2001 pelo grupo Fundo de Quintal.
O repertório do disco de Mosquito é essencialmente autoral e inédito. Mas, além de ‘Atalho’, o cantor regrava ‘Não enche’, música de Caetano Veloso, lançada pelo autor em 1997 com a batida do samba-reggae e revivida por Mosquito em clima de pagode em registro sedutor.
Como compositor, Mosquito apresenta sambas como ‘Só por hoje’ (de tom magoado) e ‘O dono da favela’ (cuja letra narra a história trágica de menino aliciado pela vida do crime). Como intérprete, o cantor dá voz a sambas como ‘O amor mandou dizer’, gravado com Xande de Pilares, parceiro de Gilson Bernini neste tema positivista.
Enfim, com jeito de bamba, Mosquito pousa com firmeza no quintal carioca.