Por roberta.campos

Rio - Após explodir nacionalmente nos anos 1980, Zeca Pagodinho amargou período de baixa popularidade na primeira metade da década de 1990, fazendo na gravadora BMG discos de menor coesão e repercussão, casos de ‘Um dos poetas do samba’ (1992) e de ‘Alô, mundo’ (1993).

A virada aconteceu em 1995, ano em que o cantor e compositor carioca ingressou na gravadora Universal Music e gravou, sob a produção certeira de Rildo Hora, o disco ‘Samba pras moças’. De lá para cá, Zeca recuperou o prestígio e a popularidade. A caixa ‘Partido alto’, nas lojas partir desta semana, celebra seus 20 anos na Universal, embalando 20 discos do artista.

Zeca Pagodinho tem 17 álbuns e três coletâneas embaladas na caixa ‘Partido alto’%2C produzida pela Universal Music para festejar os 20 anos do cantor na gravadoraDivulgação Universal Music/Guto Costa


Compilação inédita de MPB


Dos 20 discos reunidos na caixa, 17 são álbuns de carreira. Os três restantes são compilações, sendo que uma coletânea, ‘Com passo de MPB’, é inédita, tendo sido produzida para a caixa com gravações de Zeca com artistas da MPB.

A caixa traz libreto com textos do jornalista Cleodon Coelho sobre cada um dos discos reeditados na caixa. A seleção inclui os três primeiros álbuns feitos por Zeca na BMG — ‘Jeito moleque’ (1988), ‘Boêmio feliz’ (1989) e ‘Mania da gente’ (1990) — em edições que valorizam a caixa, já que estes títulos já tinham virado raridades no mercado.

As edições dos álbuns não são remasterizadas. Ou seja, a caixa ‘Partido alto’ é indicada apenas para quem não tem os discos originais, já que não houve ganho na qualidade do som (já originalmente satisfatório, pois os discos da Uniersal já saíram diretamente no formato de CD). Os álbuns foram encaixotados com capas e contracapas originais.


Crônicas do cotidiano

Analisada em perspectiva, a partir da audição dos 20 discos da caixa, a obra de Zeca Pagodinho soa extremamente coerente. O sambista sempre ficou na sua praia, cantando sambas que fazem crônicas do cotidiano do povo humilde. Há também os sambas românticos, as regravações reverentes de composições dos bambas da velha guarda e as músicas de pegada baiana, como ‘Samba pras moças’, faixa-título do disco de 1995 que emplacou também ‘Vou botar teu nome na macumba’, parceria de Zeca com o então desconhecido Dudu Nobre.

Mesmo que tenham seguido uma receita de produção e repertório, álbuns como ‘Deixa clarear’ (1996), ‘Hoje é dia de festa’ (1997), ‘Zeca Pagodinho’ (1998), ‘Água da minha sede’ (2000) e ‘Deixa a vida me levar’ (2002) resistem bem ao tempo e provam que o partido do sambista sempre foi alto. Zeca Pagodinho nunca deixou de ser fiel ao seu povo.

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