Por tabata.uchoa

Rio - Que Bibi (Juliana Paes) é perigosa, ninguém duvida. Apaixonada pelo traficante Rubinho (Emilio Dantas), em ‘A Força do Querer’, a ex-universitária não mede esforços para estar ao lado do amado. Em meio a tantas aventuras — o casal ficou foragido da polícia até ele ser preso novamente — a mãe de Bibi, personagem de Elizângela, vive com o coração na mão por não concordar com as atitudes da filha, mas não a abandona de forma alguma.

Elizângela com Juliana Paes%2C mãe e filha na novela das nove. 'Temos a mesma vibe%2C um jeitão alegre'Divulgação

“Aurora é mais pé no chão, não é tão emocional. Ela nunca vai sair do lado da filha, mas tudo o que ela está vivendo é uma pancada, né?”, analisa a artista de 62 anos.

Mãe da bailarina Marcelle Sampaio, Elizângela diz que não gosta nem de imaginar essa situação acontecendo em sua vida. “Acho que eu choraria dia e noite. Filho é um projeto de vida. Ver um filho enveredar para um caminho torto, podendo ter uma vida linda, acho que acaba com qualquer mãe”, afirma.

Com a lembrança de um relacionamento do passado, a artista garante que o segredo de sua personagem é a maturidade com uma pitada de sexto sentido. “Já tive um relacionamento em que eu desconfiava da pessoa. Eu achava que não ia dar certo, mas todo mundo dizia que eu não estava me permitindo ser feliz. Fui pela cabeça dos outros e dancei feio”, revela. “As pancadas vão deixando a gente mais atento. Para alguma coisa a idade tem de servir”, completa.

Amiga de Juliana Paes, a veterana valoriza as semelhanças que tem com a atriz. Já em relação à personagem de Ju, ela prefere não opinar. “Eu e a Juliana não nos parecemos tanto fisicamente, mas temos a mesma vibe, um jeitão alegre, sorriso escancarado. Eu já fui uma Ju Paes antigamente. Todo mundo tem seus dias de glória!”, brinca. “A Bibi que joga a vida dela no lixo”.

Diferentemente de sua personagem, que ama um samba, a atriz é mais caseira e prefere receber seus amigos em casa. No momento, inclusive, o sonho dela é ganhar um netinho. “Eu já cobrei uma vez da minha filha, faz tempo. Eu disse para ela que a família ia acabar na gente. Eu e minha filha temos pensamentos bem diferentes, mas eu não fugiria da regra na hora de cuidar do meu neto”, conta ela, que acha retrógrado o pensamento de que os avós devem ‘estragar’ a educação dada pelos pais.

‘ERA PARA EU ESTAR RICA’
Com a agenda apertada, chegou a hora de tomar uma decisão. Elizângela, que antes ocupava os palcos não só para atuar, mas também para fazer shows, precisou escolher de que lado ficaria. “Isso aconteceu bem na época em que o pessoal da música começou a fazer seus próprios selos, em função de não ter controle da venda. Você tinha de engolir aquilo que eles diziam que tinham vendido. Isso gerava um aborrecimento. Você não tinha como comprovar, não era numerado. Eu já tinha uma carreira linda como atriz e queria crescer”, desabafa a intérprete de Aurora, que optou pelas novelas.

“Tenho certeza de que fiz a escolha certa. Eu poderia estar rica. Era um absurdo o que eles pagavam naquela época. As pessoas tinham um compacto de duas músicas e faziam shows com isso. E elas nem cantavam, dublavam! Mas não era aquele o propósito”, justifica ela, dando um show de interpretação.

Reportagem de Bárbara Saryne, do Diário de S.Paulo/Agência O DIA

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