Luisa Pitta (E), Lorena da Silva, Drica Moraes e Angela Rebello no palco
 - Gabi Castro
Luisa Pitta (E), Lorena da Silva, Drica Moraes e Angela Rebello no palco Gabi Castro
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Quatro atrizes amigas se encontram e, no meio de muita conversa e afeto, surge a vontade de trabalharem juntas. Assim nasceu a ideia da primeira montagem brasileira do espetáculo 'Lifting - Uma Comédia Cirúrgica', que estreia hoje, no Teatro Sesi, no Centro. Em cena, as atrizes Drica Moraes, Angela Rebello, Lorena da Silva e Luísa Pitta se revezam em vários papéis, fazendo uma crítica aos padrões inalcançáveis de beleza.

"Os padrões de que falamos são os de sempre em relação à juventude da mulher. Existe um pecado implícito em assumir os cabelos brancos, as rugas, as mudanças no corpo...", esclarece Drica. "E existe também gordofobia, que é um assunto muito sério. As pessoas perseguem um padrão relacionado a peso e a medidas do corpo. Além disso, convivemos com uma sexualização exacerbada, o que leva muitas mulheres a colocarem silicone nos peitos e bumbum".

O espetáculo joga uma lente de aumento em uma sociedade que supervaloriza o poder da imagem. "Não me lembro especificamente de cobranças deste tipo na minha carreira. Mas talvez tenha perdido alguns papéis na juventude por ser mais cheinha", analisa Drica. "A mulher é muito mais cobrada por 'envelhecer bem' do que o homem. Ele é aceito da maneira como é e, às vezes, até mais valorizado quando envelhece. Um homem grisalho ganha status de homem maduro", completa.

Além do teatro, Drica poderá ser vista na próxima temporada de 'Mister Brau', na Globo, em que interpreta uma enfermeira alemã, ex-mulher de Brau. E este ano também estará no cinema vivendo 'Pérola', na adaptação da peça homônima (um marco na carreira de Mauro Rasi), em que ela vive a personagem inspirada na mãe do autor. Com direção de Murilo Benício, o longa começa a ser filmado em abril. "A série já gravei, e agora estou me dedicando à peça. Além de atuar, produzo e me empenho em todos os processos. Daqui a pouco, começo a filmar Pérola, personagem já vivida divinamente pela Vera Holtz. São projetos bastante distintos".

SAUDADE E HOMENAGEM

No processo de montagem do texto do espanhol Félix Sabroso, Drica, Angela e Lorena perderam a amiga Solange Badim, que estava no projeto desde o início. Solange morreu em setembro passado, aos 53 anos, de câncer. O diretor Cesar Augusto, então, convidou a atriz Luísa Pitta para completar o quarteto.

"Foi um processo muito doloroso, e a gente passou por momentos de profunda tristeza juntos. Mas queríamos continuar também em homenagem a Solange, que empenhou energia e dinheiro na peça. Foi o último projeto no qual ela se envolveu", revela Drica, que aproveita para comentar que a peça foi realizada sem patrocínio e na 'garra'. "Está muito mais difícil fazer teatro hoje. Os patrocínios e editais estão bem restritos. Por isso, limitamos um teto e decidimos usar recursos próprios para a montagem", conta.

"Também passamos um 'livro de ouro' entre os amigos. Conseguimos montar um espetáculo despojado e simples na estrutura, mas sofisticado na encenação. Espero que o público se divirta porque foi com esse espírito que a gente fez todas as nossas escolhas. A ideia é provocar reflexão a partir da diversão", diz.

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