Luiz Ayrão lança disco novo - Luis França/Divulgação
Luiz Ayrão lança disco novoLuis França/Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - "A seleção tem que ganhar essa Copa! A autoestima do nosso povo tá lá embaixo. Os verdadeiros heróis do Brasil estão esquecidos, e nossos heróis hoje são os jogadores", decreta Luiz Ayrão. O veterano sambista e baladeiro dos anos 1970 (de hits como 'Nossa Canção', 'Porta Aberta', 'Bola Dividida' e 'Os Amantes') retorna com single novo, 'Chegou a Hora, Brasil!', uma exaltação às feras do técnico Tite. E prepara dois novos EPs, um deles em espanhol.

Dizem por aí que o brasileiro não está animado para o campeonato. O derrotismo não atingiu Luiz Ayrão, que acredita que o Brasil volta da Rússia com o caneco para a casa. Mas e o 7 x 1 da partida contra a Alemanha, Luiz, não te deixou desanimado?

"O Brasil tem tudo para ganhar essa Copa e tinha tudo para ganhar aquela de 2014. Mas o Neymar levou aquela joelhada. E quando o astro sai, dá aquela apatia no time inteiro", recorda. "O único problema ainda é a lateral direita, por causa da saída do Daniel Alves. Mas boto fé na seleção. Ela precisa ganhar. É a única coisa que pode acabar com esse clima de 'nós' e 'eles' no Brasil".

CANARINHO

Não é a primeira vez que Ayrão homenageia a seleção brasileira. Quem tem idade para ter visto a Copa de 1982 não esquece de 'Meu Canarinho', compacto do cantor lançado no fim de 1981 em homenagem ao escrete de Telê Santana, que tinha nomões como Zico, Falcão e Sócrates. O Brasil, como todo mundo lembra, não deu olé na Espanha, sede da competição aquele ano. Mas para o sambista, que já tinha mais de uma década de carreira (começou nos anos 1960, apenas como compositor), ficou um hit que se estendeu além de 1982.

"Lembro que lancei a música e a Odeon (depois EMI), minha gravadora, quis atrasar a divulgação, porque a Copa era em junho. Só que fiz shows pelo interior de São Paulo, pouco antes do Carnaval. Quando subi no palco, todo mundo gritou: 'Canta o 'Canarinho'!'", recorda. Ayrão passou a mão no telefone e avisou à gravadora que precisavam correr com a divulgação nas rádios. Deu certo até demais: o sucesso do compacto levou o cantor a visitar a Toca da Raposa, onde a seleção brasileira ficava hospedada.

"Confundiram tanto minha imagem com a da seleção que em qualquer show meu tinha umas 20 bandeiras brasileiras na plateia. Aquela foi a melhor seleção de todos os tempos, não tinha erro", conta Ayrão, que vê nos erros do técnico Telê a razão da derrota brasileira.

"Naquele dia (do jogo contra a Itália, que tirou o Brasil da Copa), o Brasil tomou o primeiro gol. E nunca tinha tomado o primeiro gol em jogo nenhum", diz. "Se eu fosse o Telê, tinha botado minhas barbas de molho. Ele deixou o Batista (ex-volante da Seleção) no banco. A seleção jogou delicadamente, e o Batista ia entrar duro no Paolo Rossi (que fez três gols no Brasil). Foi muito triste".

Ayrão tinha agendado um show em praça pública em Goiânia no dia seguinte à derrota. "Falei para minha banda: 'Olha, o Brasil perdeu a Copa. Vamos tirar o 'Canarinho' do repertório'", recorda. Ao chegar no local, viu a praça repleta de pessoas com bandeiras do Brasil, e fãs pendurados nas árvores. "Foi só eu subir no palco que começaram a gritar para eu cantar 'Meu Canarinho'. Me emocionei muito. Tive que cantar a música. E continuei cantando em 1983, 1984", conta.

ORIGENS

Filho e sobrinho de compositores, Luiz Gonzaga Kedi Ayrão, 76 anos ("pareço ter 75 mas tenho 76", brinca), foi bancário e fez Direito até encarar a música como carreira profissional. Criado no bairro do Lins de Vasconcelos, conheceu quando jovem um vizinho cantor, Roberto Carlos. E o amigo lhe pediu uma música.

"Roberto tinha morado em Niterói, mas como não tinha uma das pernas, tinha dificuldade de pegar a barca, e foi para o Lins. Na época, ele tinha gravado um disco com duas bossas-novas. Só que ele me falou que ia passar a gravar só rock. Aí me falou: 'Você tem algo no estilo do Paul Anka?'", conta. Ayrão, que tinha várias valsas, sambas e bossas no repertório, pediu mais um dia e voltou com seis baladas, entre elas 'Só Por Amor', que Roberto gravou em 1962. O Rei ainda transformaria em hits 'Ciúme de Você' e 'Nossa Canção'.

A carreira como cantor começou em 1973, quando foi mostrar músicas na Odeon e acabou no estúdio, gravando seu futuro hit 'Porta Aberta', que vem regravado em seu próximo EP. A música faz homenagem à sua escola de samba, a Portela. "Fiz a música em 1966 e estava na moda artistas fazerem homenagens a escolas", conta Ayrão, que diz já ter sido visto com desconfiança por algumas pessoas, quando estourou. "Achavam que eu era rico porque tinha sido bancário, ou que eu era da Zona Sul. Ou reclamavam que eu era branco. Vivi um pouco isso que a Fabiana Cozza (criticada porque iria interpretar a sambista Dona Ivone Lara no teatro) viveu, e olha que ela é negra!", conta. "Mas os sambistas tradicionais gostavam de mim. Nunca sofri preconceito nem na Portela e nem na Mangueira".

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