Rodrigo Carvalho com alguns meninos e o técnico de futebol dos garotos - fotos Divulgação
Rodrigo Carvalho com alguns meninos e o técnico de futebol dos garotosfotos Divulgação
Por BRUNNA CONDINI

Rio - O episódio do salvamento quase impossível de 12 meninos e do técnico-monge, na Tailândia, comoveu o mundo e agora vira livro pelas mãos de Rodrigo Carvalho, correspondente da TV Globo e Globonews, que participou da cobertura jornalística.

Em 'Os Meninos da Caverna', ele traz a história do resgate e da agonia dos meninos que ficaram 18 dias presos em uma caverna.

"Foram mais de 200 horas sem saber se já eram dados como mortos, se apodreceriam ali, juntos como um time, ou se seriam salvos, como nos filmes", lembra o repórter, que é correspondente em Londres há dois anos. "Eles perderam a noção do tempo. Não sabiam que, lá fora, quase mil pessoas se mobilizavam no resgate. E que gente do mundo inteiro os colocava em orações".

COBERTURAS MARCANTES

O jornalista também é autor de 'Vivos Embaixo da Terra', sobre o resgate dos mineiros chilenos soterrados, em 2010.

"Foram duas coberturas muito marcantes, diferentes e intensas. Tanto é que viraram livro. Na época dos mineiros do Chile, eu era recém-formado, tinha um frescor. Foi minha primeira cobertura internacional, e estava diante de uma história daquelas", recorda.

"Na dos meninos na caverna, tinham outras circunstâncias, por serem crianças, no meio de uma Copa do Mundo. Eles eram um time de futebol, na Tailândia, um país que sempre quis conhecer. E tudo envolvido ali, a capacidade de mobilização das pessoas, a solidariedade, a dedicação dos mergulhadores, dos voluntários, tudo foi muito marcante. As duas coberturas mexeram muito comigo", diz.

A HISTÓRIA

Em julho deste ano, em plena Copa do Mundo na Rússia, a notícia que vinha da província de Chiang Rai, no norte da Tailândia, chamou a atenção do mundo: 12 meninos, a seleção dos Javalis Selvagens, e seu técnico, um monge, podiam ficar até quatro meses presos em uma caverna. Eles entraram na rede de cavernas e ficaram presos quando uma tempestade inundou tudo e bloqueou a saída principal. O final foi feliz, e eles acabaram salvos, mas um dos 90 mergulhadores, Saman Kunan, de 38 anos, morreu logo depois de levar oxigênio para o grupo.

No livro, Rodrigo remonta não só os fatos, mas fala da origem dos meninos e visita o contexto político, social e religioso da Tailândia. Ele conta que se pegou emocionado em boa parte da cobertura.

"Sentia como a cidade estava mobilizada por aqueles meninos. Sentia como o Brasil estava conectado com essa história. Recebia mensagens das pessoas, dizendo que estavam rezando por eles", conta o jornalista. "Eu era o porta-voz. As pessoas se colocavam no lugar deles e sabiam como estavam, através das nossas reportagens e entradas ao vivo. Aquilo era intenso, é raro se ver diante de uma situação assim numa cobertura".

E a esperança na humanidade se renovou depois da experiência?

"Em alguma medida, sim. Principalmente, depois deste ano que vivemos. Acho que os meninos trouxeram essa mensagem, de algo que está se esvaindo, se perdendo um pouco, que é a nossa humanidade. Essa história provocou isso nas pessoas, e eu gosto muito de trabalhar com isso no jornalismo", reflete.

"Gosto de história de gente, que nos leve a um mundo diferente e a outro pensamento, que através da dor ou do alívio do outro, a gente visite também as nossas dores e tudo o mais. Essa troca nos joga para frente. Essa é uma das minhas causas no jornalismo, e na cobertura dos meninos isso foi muito forte", diz.

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