“Este ano queremos valorizar ainda mais nossa história. Estarmos juntos com outras comunidades afro-brasileiras, compartilhando conhecimento e oferecendo ao público visitante a oportunidade de estarem conosco vivenciando momentos únicos, ouvindo os mais velhos, dançando e cantando jongo e aproveitando toda a memória e energia positiva presente em nossa Casa”, expõe Lazir Sinval, coordenadora cultural da instituição.
Formado por volta de 1850, o Quilombo São José é foi constituído por descendentes de escravos que vieram do Congo, da Guiné e principalmente de Angola e moravam nas terras da Fazenda São José da Serra. É o mais antigo quilombo do Estado do Rio, abriga cerca de 150 quilombolas, que mantêm as tradições africanas. Ele está localizado logo após o distrito de Conservatória, área do vale do café, que também faz parte da vida da fotojornalista Fernanda Dias, responsável pelos registros documentais sobre o quilombo na exposição “Através do Olhar”.
“Tenho família nessa região. Passei minha infância e adolescência no distrito de Valença e meus avós sempre me levavam em rodas de jongo, maculelê, folia de reis... Com o passar do tempo fui percebendo que essas manifestações culturais estavam perdendo a força e decidi retornar à região pra começar a documentar”, conta a fotojornalista.
Fernanda relembra que seu primeiro contato com o Quilombo São José já tem sete anos e que a partir de então iniciou um trabalho de resgate justamente para que manifestações como essas não caiam no esquecimento. “Depois de toda pesquisa e registro, há um ano, comecei a soltar o material e, agora, estou muito feliz de poder trazê-los para estarem junto de nós na exposição, nessa roda de conversa, justamente na Casa do Jongo, um lugar influente para a nossa cultura. Vai ser um dia construtivo e muito especial para quem estiver lá conosco", finaliza.
A exposição tem curadoria de Thais Rocha e além de retratos sobre o quilombo, conta ainda com fotografias de Aparecida Silva, Thais Alvarenga e Valda Nogueira, sendo uma proposta trazida, em julho de 2019, pelo Sesc Madureira, em homenagem à data festiva pela comemoração da mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha. “Um trabalho que além de trazer fotógrafas negras, retoma uma tradição, ancestralidade africana daqueles que estão ali fotografados” explica Thaís.
O evento é gratuito e para quem quiser aproveitar para almoçar, estará sendo vendida a tradicional feijoada da Casa (R$20). A programação se encerra às 16h, com apresentações do Jongo do Quilombo São José e da Serrinha.