Anna Cleo - fotos Divulgação
Anna Cleofotos Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Você já deve ter visto Anna Cléo cantando no metrô, no trem ou na barca. A cantora nascida em Itaguaí e criada em Santa Cruz, que lança em breve seu primeiro EP ('Sou das Ruas'), fez dos transportes públicos alguns de seus primeiros palcos. E foi neles que ela foi descoberta pelos seus produtores, que apostaram no trabalho dela e a levaram para o estúdio.

"Se minha família está feliz? Todo mundo, porque todos têm talento para a música, para dança. A única que seguiu carreira fui eu", conta a cantora de 24 anos, que já trabalhou como vendedora de roupas, maquiagem, acessórios e até de doces. E que já apareceu, ano passado, no programa 'Encontro com Fátima Bernardes', representando os artistas de rua.

"Mostrei lá um pouco da minha luta. Estar no programa mostrou que estou no caminho certo. É muito gratificante para uma artista ser reconhecida, ainda mais em rede nacional. Fiquei muito feliz de estar lá e levar minha história para o programa", alegra-se ela, que vai lançar as primeiras músicas do EP, 'Beijo Bom' e 'Vou Botar Pra Ferver' nesta sexta. Uma semana depois, sai o disco inteiro. No mesmo dia do EP, sai tambérm um pocket show gravado nos estúdios da Som Livre, nas plataformas digitais.

Igreja

Em Santa Cruz, Anna Cléo não tinha acesso a muita educação musical. O jeito era fazer o possível para aprender um pouco.

"O bairro não tinha nenhum curso profissionalizante. A maneira que eu arrumei de me envolver com música foi através da igreja, era onde dava para eu cantar, me desenvolver...", recorda. Fazendo hoje um som de pegada pop funk, ela começou a buscar suas primeiras referências musicais.

"Foram basicamente referências masculinas: Péricles, Alexandre Pires, Sorriso Maroto... E muita música internacional. Muita música antiga, porque eu ouvia aqueles programas de 'Good Times'", brinca.

Facebook

Antes de cantar nos transportes, Anna já tinha um pouco de fama por causa dos vídeos que jogava na internet, em que ela aparecia cantando.

"Lembro que eu procurei não focar na música como primeira opção profissional, mas quando comecei a me divulgar, apareceram fãs e os vídeos tiveram repercussão. Só depois é que a história foi ficando real, porque as pessoas começaram a me ver pessoalmente", afirma ela, que no momento está solteira. "Ah, estou com meu coração quentinho e cheio de amor pelos meus bebês que vão nascer, que são minhas músicas. Estou namorando meu EP", graceja.

Uns amigos deram a ideia para Anna de cantar no transporte e ela decidiu arriscar. "Lembro que fiquei sem graça de começar", brinca. "Mas passou a fazer parte da minha vida, fiquei dois anos cantando. Lembro que no começo sofri perseguição de seguranças e guardas, mas a galera sempre curtiu muito meu som. Isso foi muito mais importante que qualquer impedimento".

Justamente pela história de batalha, Anna acredita que seu trabalho pode ajudar a empoderar outras mulheres. "Procuro fazer parte desse nicho de mulheres que estão lutando, ainda mais por ser mulher e negra", conta. "A gente sempre precisa de boas referências".

 

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