Henrique Vieira caracterizado para o espetáculo 'O Amor Como Revolução' - Rafaela Lira/Divulgação e reprodução
Henrique Vieira caracterizado para o espetáculo 'O Amor Como Revolução'Rafaela Lira/Divulgação e reprodução
Por Gabriel Sobreira

Desde domingo, quando desfilou como Jesus mendigo pela Mangueira, o pastor e ator Henrique Vieira vê que o assunto não para de render. Seguido por mais de 269 mil pessoas só no Instagram, o teólogo usou a plataforma para falar sobre o assunto.

"Estamos vivendo tempos de avanço autoritário no Brasil, e a imagem de Jesus está sendo associada ao luxo material, ao uso da violência, à exaltação das armas, ao ódio contra mulheres, LGBTs, indígenas, negros, pobres. Um Jesus bélico, mal-humorado, com pânico diante da liberdade, montado numa cavalaria imperial. Sabe o que isso tem a ver com o Jesus da Bíblia? Absolutamente nada", argumenta ele, que está em cartaz com o monólogo 'O Amor Como Revolução' (hoje e amanhã, às 20h, no Theatro Bangu Shopping). De abril a junho, a peça será encenada na Sala Nelson Pereira dos Santos, em Niterói.

TEMPOS DE INTOLERÂNCIA

Em conversa com O DIA, Vieira, que também é cientista social, historiador, poeta e escritor, diz que vivemos tempos de intolerância e ódio, de perda de compaixão e de sensibilidade. "Há autoridades que exaltam torturas e torturadores. É preciso fazer um contraponto de amor e espalhar por este país", prega ele, cujo espetáculo é baseado em seu livro homônimo.

"A base do problema (do Brasil e do Rio de Janeiro) é a falta de amor. Por isso tanta indiferença diante da desigualdade social, da exploração sobre o pobre, da violência contra mulheres, negros, LGBTs, indígenas. Falta amor e sobra ganância. Falta amor e sobra sede de poder", frisa.

Segundo ele, estamos perdendo a noção de humanidade, bem comum. "Cada vez mais, naturalizamos tragédias sociais. É preciso romper com esta apatia e sentir a dor do mundo como se fosse nosso mundo de dor. Amar é um ato revolucionário", defende.

MONÓLOGO

A peça 'O Amor Como Revolução' usa uma linguagem lúdica para mostrar o caráter transformador do amor, tanto na esfera pessoal quanto na do dia a dia e também no combate a estruturas como racismo, machismo e exploração sobre os pobres. "As pessoas saem muito emocionadas e impactadas, com vontade de fazer a diferença na sociedade", conta ele.

O espetáculo é uma espécie de resumo do livro homônimo de Vieira. "Criei um personagem que é um viajante contador de histórias. Ele carrega malas e sementes e vai contando suas memórias. A partir desse personagem outros personagens vão surgindo. É um trabalho de ator, não é uma palestra", afirma. "As pessoas saem muito emocionadas e impactadas, com vontade de a fazer diferença na sociedade", acrescenta.

Quando questionado sobre o que é o amor, Vieira explica que é uma decisão de vida, um estilo de vida. É a capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir a dor e as alegrias do mundo. "É se doar para que a vida seja plena para todas as pessoas. Passa pelo sentimento, mas é acima de tudo ação", defende o ator.

 

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