Prestes a lançar primeiro álbum, Lary fala sobre influência na música, autoaceitação e empoderamento
'Não quero ser X, Y ou Z. Eu sou a Lary, tenho minha identidade, minhas letras, meu som, minhas ideias, meus valores', diz a cantora carioca
Rio - A cantora e compositora Lary está animada com a gravação do seu primeiro álbum. Ainda sem data para o lançamento, a carioca de 27 anos parece ter se encontrado no gênero R&B pop depois de percorrer vários estilos musicais. "É um momento muito especial, que eu estava esperando ansiosamente. Esse último ano foi um período e processo de amadurecimento pessoal e musical pra mim, e consegui chegar num repertório que me representa 100%. Estou feliz demais e louca para colocar no mundo".
A história de Lary com a música começou bem pequena, quando cantava com a mãe no karaokê. Segundo ela, suas primeiras influências vieram da MPB, com Marisa Monte, Elis Regina e Gal Costa. Em 2016, quando se lançou profissionalmente, a carioca surgiu cantando uma música que lembrava o funk melody consagrado por Anitta e Ludmilla. Isso foi um prato cheio para que as comparações começassem.
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"Crescemos com essa cultura de que mulheres são rivais, e isso sempre foi muito ruim para a gente. Quando me comparam com uma artista X ou Y, ou quando dizem que vou ser a nova Z, sinto que minha individualidade se perde. Não quero ser X, Y ou Z. Eu sou a Lary, tenho minha identidade, minhas letras, meu som, minhas ideias, meus valores... e para eu crescer, não significa que outra mulher tenha que ser diminuída. Nem ao contrário. A comparação gera uma atmosfera de competição muito negativa e totalmente desnecessária, uma vez que existe espaço para todo mundo brilhar do seu jeito", diz Lary, que hoje tem como principais referências, cantoras do Pop e do R&B como Jorja Smith, Ella Mai, Beyonce, Rihanna, HER, Summer Walker e Mahalia.
Para a cantora, as parcerias são muito importantes, tanto para chegar em novos públicos, quanto para fortalecer e misturar os gêneros musicais. "Tenho vontade de fazer música com vários artistas na verdade, mas Iza, Ludmilla e Gloria Groove estão hoje no topo da minha lista dos sonhos".
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Feminismo
Marcada por composições que fala sobre o poder da mulher, Lary afirma que o empoderamento é um grito de liberdade. "Empoderar outras mulheres é se empoderar. É dar voz pra quem por muito tempo não teve espaço pra falar, é mostrar que podemos fazer tudo o que quisermos e temos esse direito. O feminismo é uma luta necessária e sempre busco trazer nas minhas músicas, mensagens que façam as mulheres se sentirem livres, independentes e maravilhosas. Porque é isso que somos, não é mesmo?", brinca.
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Ditadura da beleza
A palavra autoaceitação ganhou destaque no cenário social devido à educação promovida por ativistas e à circulação das pautas sobre corpo livre. Entretanto, de acordo com Lary, a busca pela aparência perfeita segue firme. A nova sensação das redes sociais, os filtros do Instagram, não nos deixa mentir.
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"A autoaceitação já é um processo muitas vezes complicado e fica ainda mais por conta dessa 'ditadura da beleza' que vivemos. Acaba que vivemos na busca constante pela aparência dita 'ideal', e qualquer detalhe que fuja dos padrões impostos viram um motivo de desconforto e infelicidade".
"Os filtros são a prova de que precisamos mostrar para os outros que somos algo que na verdade não somos. Criou-se uma necessidade de ter a pele perfeita, olhos aumentados, rosto e nariz afinados, boca maior, etc., que tem inclusive influenciado no aumento de procedimentos estéticos. Pessoas querendo aproximar suas aparências reais das virtuais. Isso é assustador. Mais assustador ainda é saber que os casos de depressão por conta disso, principalmente em meninas jovens, também tem aumentado muito. Esse é um assunto muito sério e que precisa ser mais exposto, debatido. Estamos perdendo nossa individualidade para se encaixar em algo que alguém disse um dia que era o certo", alerta.
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Planos
Lary espera que 2021 seja um ano para dar a volta por cima de todas as adversidades que o mundo tem vivido. Ela deseja mais saúde, empatia e oportunidades para todos. "Estou correndo atrás para que seja um ano de muito trabalho e movimento. Quero levar meu som para mais pessoas e poder tocar o coração delas com o que tenho para dizer".