Diogo Nogueira
Diogo NogueiraGuto Costa
Por Juliana Pimenta

Até que todo mundo esteja vacinado, vai demorar para que a gente possa curtir um "pé na areia" com tranquilidade. Mas, pensando em consolar os corações quarentenados, Diogo Nogueira acaba de lançar o seu superprojeto 'Samba de Verão', que conta com os álbuns 'Sol', 'Céu' e 'Lua'. "A proposta era fazer para o público. Era uma ideia que já estava guardada comigo de a gente fazer esse DVD com plateia. Mas aí aconteceu a pandemia, e a gente pensou: 'Por que não fazer como se fosse uma live?'. Conseguimos o espaço na Marina de Niterói, que é linda, e uma balsa, complementando o cenário lindíssimo do Rio de Janeiro", pontua Diogo, que exalta a escolha das músicas que compõem o projeto.

"É um repertório super diversificado. Esse álbum tem um pouco de tudo: tem maxixe, samba de breque, samba rock, sambalanço, samba de partido alto. Acho que tem todas as vertentes aí, por isso que é um repertório para tudo e para todos", explica.

O sambista reflete sobre a possibilidade das músicas remeterem a uma realidade sem pandemia. "É isso, eu acho que o álbum traz esse universo da alegria, da paz, da felicidade de estar aglomerado. Então, você tem a sensação, mas fica em casa. É a melhor coisa!", brinca Diogo, que não consegue decidir qual é sua música queridinha do projeto, mas destaca um carinho especial por 'Bota Pra Tocar Tim Maia'.

Conexão e homenagens

Filho do grande João Nogueira, Diogo admite que o samba não é só um trabalho ou lazer. "É a minha vida. O lugar que eu me sinto mais confortável é o samba, pode ser o samba de breque, samba de partido alto, pode ser um samba-canção. Eu gosto de tudo", afirma. E foi pensando em unir todos esses ritmos e fazer homenagens a grandes personagens do samba que Diogo decidiu lançar esse projeto.

"Foi interessante porque conforme a gente foi montando o repertório, tirando e colocando músicas, pintou um áudio de uma época, lá da década de 70, do grupo Fundo de Quintal. Que tinha como eles gravavam, fazendo a batucada, para a Beth Carvalho e vários outros artistas. E aí, através desse áudio, a gente viu que já estava construindo uma história que era muito próxima a do grupo Fundo de Quintal. E aí resolvi fazer o convite e uma homenagem ao Fundo", revela o sambista sobre os convidados. "E foi a última participação do Ubirany", lamenta, referindo-se ao artista, morto em dezembro, aos 80 anos, vítima da covid.

E essa também foi a mesma lógica usada para a escolha de outro convidado — mais do que — especial. "Eu já ia fazer uma homenagem a Beth Carvalho por ela ter revelado esses grandes artistas, esses grandes personagens do samba, e as coisas foram se juntando... E aí tinha a homenagem a Beth, homenagem ao Fundo e eu pensei: 'Por que não homenagear o cara que veio lá do Cacique de Ramos, que é partideiro, que é afilhado da Beth Carvalho e tem tudo a ver com Fundo de Quintal?'. E aí convidei o Zeca Pagodinho", admite o cantor, que também quis seguir o exemplo de sua principal homenageada.

"A nova geração eu convidei para realmente dar essa abertura para os jovens compositores, que são supertalentosos, como Juninho Thybau, Gabrielzinho do Irajá, Mosquito, Mingo e Baiaco. E fazer como a Beth fazia, e como o Fundo de Quintal apareceu, como o Zeca surgiu... Então, se reparar, tudo tem uma linha de raciocínio", explica.

Reflexos da pandemia

Mesmo reconhecendo a necessidade do isolamento, Diogo, que foi diagnosticado com a covid e perdeu amigos para a doença, lamenta que o setor artístico sofra com a continuidade e propagação da pandemia. "É um momento preocupante para todos nós. A gente nem tem noção de quando essa vacina vai chegar para todo mundo para que a gente possa voltar a fazer shows. Não sei se este ano ainda a gente vai conseguir que todos estejam vacinados para voltar a trabalhar. Se continuar dessa forma, vão ser dois anos parados sem trabalhar. E vai ser difícil, né?", preocupa-se o artista, que tem um principal desejo, além dos shows, para realizar quando a rotina for restabelecida: "Poder abraçar o próximo, dar um beijo no rosto e olhar cara a cara com as pessoas".

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