Juliette roda o Brasil com a turnê do álbum 'Ciclone'Divulgação/Juliana Rocha

Rio - Juliette Freire, de 33 anos, colhe os frutos do lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, intitulado "Ciclone". O disco estreou em agosto deste ano e traz uma mistura de clássico e urbano ao unir a sonoridade pop com referência a diversos ritmos regionais. O projeto ainda levou a cantora paraibana para o topo das paradas musicais com "Tengo", que atingiu o primeiro lugar entre as músicas mais ouvidas no Spotify Brasil. Agora, as nove faixas do álbum ganham vida com a turnê homônima que roda o Brasil, incluindo o encontro com os “cactos” (nome dado aos seus fãs) cariocas, no icônico Circo Voador, no Centro do Rio, na última sexta-feira (20).
"Eu estou me sentindo honrada em poder fazer esse show nessa fase da minha vida, na minha turnê. Só felicidade e gratidão", diz Juliette. "Minha primeira experiência foi lá na turnê 'Caminho', que foi a primeira vez que eu subi num palco, então, eu ainda sinto esse frio na barriga de estreia, tem pouquíssimo tempo. O show está bem dinâmico, muito pra cima, as pessoas estão comentando muito isso, e que bom que eu consegui passar toda essa energia da forma que eu estou agora: mais feliz, leve e segura", declara.
Identidade artística
A apresentação na casa de shows histórica aconteceu após a cantora ser envolvida em uma polêmica nas redes sociais. Na última quarta-feira, a artista se juntou a pernambucana Duda Beat para lançar a música "Magia Amarela" como parte da campanha publicitária para uma marca. No entanto, a empresa foi acusada de plágio por Evandro Fióti, irmão de Emicida, pelas semelhanças visuais e conceituais com o disco "AmarElo" (2019).
Com a repercussão do caso, Juliette divulgou uma nota de esclarecimento nas redes sociais e explicou que havia sido contratada apenas para interpretar a canção, sendo "os processos de liberações autorais de responsabilidade do contratante". Além disso, a cantora também fez questão de rebater de uma vez por todas as acusações envolvendo outros trabalhos de sua carreira, incluindo o clipe de "Quase Não Namoro", parceria com Marina Sena, que teve seu videoclipe relacionado com a estética do álbum "Gracinha" (2021), de Manu Gavassi.
Ao DIA, Juliette deixa claro que seus projetos musicais carregam sua própria identidade desde a estreia oficial como cantora, em setembro de 2021, quatro meses depois de vencer o "Big Brother Brasil 21", da TV Globo, com 90,15% dos votos. "Eu nunca me moldei ao que queriam que eu fosse, ao que estava posto, ao rótulo, à caixa ou qualquer coisa do tipo. Eu sempre tentei valorizar e exaltar a minha individualidade como pessoa e, como artista, não vai ser diferente", afirma.
"Eu acho que o que faz as pessoas se encantarem é o diferente, o autêntico, o verdadeiro. As cópias não interessam. Pelo menos, não a pessoas que têm bom gosto, que têm um olhar atento para o que é bom. Se não for eu, não faz sentido. Já é tão difícil sendo você mesma, imagina sem ser. Então, eu sigo o caminho que eu sigo para a minha vida. Ser verdadeira, autêntica na minha musicalidade, na minha vida, nas minhas letras, em tudo. Só faz sentido se for assim. É o que me motiva. É sobreviver, porque eu não sobreviveria sem ser eu", completa a artista.
‘Sempre me vi mais sedutora’
E foi com essa mesma atitude que a morena desenvolveu a estética de "Ciclone", que surpreendeu o público da cantora ao trazer uma "nova Juliette" esbanjando confiança e sensualidade. "Eu sempre me vi assim, mais sedutora. É engraçado que, quando eu saí do reality, as pessoas me viam muito como fofinha, meiga, e eu não me via tão assim. Eu me via mais assertiva, mais forte, petulante, talvez. Pra mim, o disco mostra uma mulher despida, em meio a inúmeras situações e circunstâncias, e é assim que eu me senti: como se eu estivesse pelada", conta ela, citando a capa do álbum, em que surge coberta apenas por um véu cinza.
“As pessoas me conhecem ao avesso, sabem minhas vulnerabilidades, minhas qualidades. Me conhecem muito, sem armaduras, e todas as outras mulheres que existem em mim: a guerreira, a forte, a sensual, a malandra. Então, eu juntei todos os arquétipos que me movem, e o resultado foi o que vocês viram. Mas eu acho que nós somos assim. Uma hora, mulherão; na outra hora, fofa e meiga. A gente sabe fazer isso muito bem”, brinca a cantora.
Por outro lado, a paraibana ainda mantém algumas características desde que ganhou fama nacional, como o cabelo castanho-escuro em longas madeixas. Ela confessa que, até o momento, não pensa em mudanças radicais no visual. “Eu amo meu cabelo, então, eu tenho um xodó com meu cabelo muito grande, desde criança. Se você pegar a minha foto (de quando era) bebê, eu tenho um cabelo grande. E eu gosto do meu cabelo assim. Ele me dá muita energia, força. Acho que estou aberta, pode acontecer, não é um plano para agora, mas eu penso em mudar um pouco. Eu vou ser fiel à fase em que eu estiver. Se essa fase for de um cabelo mais curto, assim vai ser”, avisa.
Exposição e vida pública
Talvez a maior mudança que Juliette Freire precisou enfrentar nos últimos dois anos e meio tenha sido o momento em que deixou de ser uma advogada e maquiadora anônima para se tornar um dos nomes mais conhecidos do momento. Com os holofotes, também existe um grande interesse pela vida pessoal da artista, algo que ela procura preservar. “A falta de privacidade é difícil, mas se colocar na balança, você sai no lucro”, opina a cantora sobre a fama.
“Eu mostro minha vida, minha família, quando eu estou pegando alguém, eu também não escondo. Só não faço disso um grande acontecimento e uma forma de entretenimento. Eu estou muito leve, não me preocupa. Não acho que acrescenta tanto na vida das pessoas, acho que tenho muitas coisas boas a oferecer além disso.”
Próximos passos
Sucesso na música e nas redes sociais, Juliette ostenta confiança quando o assunto é o futuro de sua carreira com a atenção cada vez maior que recebe desde a vitória no “BBB 21”. “O que aconteceu lá em 2021 nunca mais vai acontecer, nem comigo, nem com ninguém. Eram circunstâncias muito específicas, uma pandemia, pessoas e lugares diferentes. Foi a grande virada da minha vida e sou muito grata a isso, mas eu acho que a gente vive de grandes momentos, uns pessoais, outros profissionais. Nada se repete, tudo é novo”, comenta.
“O que eu quero de verdade é que a minha música consiga conectar pessoas, a minha voz consiga fazer algo de positivo na vida das pessoas. Que eu consiga valorizar o que tem valor: pessoas, família, raízes e coisas boas. Pra mim, isso é estar no auge. Eu quero manter esse auge de coisas boas. O resto é besteira.”